Presidência de Taiwan / Wkimedia Commons

Lai Ching-te, presidente taiwanês
A TSMC, maior fabricante mundial de super-processadores, vai investir nos EUA. A decisão pode fazer já parte de um alinhamento militar.
O presidente dos EUA, Donald Trump, chama à Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) a empresa mais poderosa do mundo.
A empresa taiwanesa é responsável pela produção de mais de 90% dos microchips mais avançados do mundo, essenciais à produção de telemóveis, mineração de criptomoedas, Inteligência Artificial e até armas.
Atualmente, a TSMC ocupa o 8.º lugar no pódio das empresas tecnológicas com mais valor de mercado do mundo. É uma das empresas mais importantes do mundo, o que tem preocupado os EUA, que têm tentado estabelecer uma base de fabrico nos Estado Unidos.
Isto porque, caso a China invada o país, o monopólio dos chips passa para as suas mãos. Os chips são, aliás, um dos principais motivos que têm prendido a atenção da China em Taiwan.
É por isso que os EUA e a China têm interesse no país: tudo por causa da TSMC, cuja grande parte do capital é norte-americano.
Esta semana, na Casa Branca, Donald Trump anunciou o investimento de 100 mil milhões de dólares (quase 100 mil milhões de euros) da empresa taiwanesa nos Estados Unidos.
Em consequência, o antigo presidente e membro da oposição de Taiwan Ma Ying-jeou, acusou o Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, de “vender a TSMC” a Trump como “taxa de proteção”.
Na prática, esta quantia parece funcionar, de facto, como uma “taxa de proteção”, como aponta a CNN. Mas para que serve?
Taiwan enfrenta há vários anos uma ameaça de invasão por parte da China. Nos últimos anos, Pequim tem vindo a intensificar as atividades militares junto ao país asiático, que reivindica como seu.
A Lei das Relações com Taiwan obriga os EUA a defender o país em caso de invasão chinesa, mas com o desenrolar da situação na Ucrânia, o país pode estar a preparar-se para o pior, à medida em que Trump se começa a aproximar de Putin.
Esta mudança na política internacional pode deixar os tawaineses hesitantes sobre se poderão ou não contar com o apoio dos EUA num potencial conflito armado coma China. A “taxa de proteção” de que a oposição fala pode ser um jogo estratégico, que “compra” a segurança norte-americana no Estreito de Taiwan.
Na semana passada, o presidente do país, Lai Ching-te, afirmou que Taiwan não “enfrentou qualquer pressão de Washington” ao fechar o acordo com a TSMC, que, segundo a empresa, foi o maior investimento nos EUA alguma vez efetuado por uma empresa não americana.
Chang-Tai Hsieh, economista da Booth School of Business da Universidade de Chicago, garante que, embora seja óbvio que empresas como a TSMC e outras terão de “fazer tudo o que puderem para deixar Trump feliz”, essas concessões também trazem riscos: “Quando se concorda com a chantagem, ela não tem fim”.
duvido que seja este negócio que evite a invasão chinesa de Taiwan, até porque Taiwan vai ter de pagar a Trump a sua defesa, de uma maneira ou de outra.