Nepal prepara-se para aplicar regras mais rigorosas aos alpinistas do Evereste, para aumentar a segurança e proteger o ambiente.
O Nepal está a preparar-se para implementar uma nova legislação destinada a tornar mais rigorosas as regras para os alpinistas que tentam escalar o famoso Monte Evereste.
De acordo com a lei, apenas os alpinistas que tenham escalado com sucesso pelo menos um pico de 7000 metros no Nepal serão elegíveis para obter uma licença para escalar a montanha mais alta do mundo.
A medida faz parte do Projeto de Lei de Turismo Integrado, apresentado no Parlamento do Nepal em 18 de abril, e tem como objetivo abordar preocupações de longa data sobre sobrelotação, segurança e degradação ambiental no Evereste. Se aprovada pela Assembleia Nacional, a regulamentação poderá “cortar” o número de candidatos e transformar a face do alpinismo comercial na região.
Nos últimos anos, o Evereste tem registado um aumento de alpinistas inexperientes, o que tem resultados perigosos especialmente na chamada “Zona da Morte” — a secção da subida acima dos 8000 metros, onde os níveis de oxigénio são criticamente baixos. Os congestionamentos aumentaram na zona e têm levado a mais acidentes e mortes, bem como a crescentes problemas ambientais, incluindo resíduos e equipamento abandonado na montanha.
As licenças para escalar o Evereste são uma fonte de receita fundamental para o Nepal: custam cerca de 14 mil euros por pessoa. A partir de setembro deste ano, o governo planeia aumentar esta taxa em 36%, segundo a Reuters.
A exigência proposta de experiência prévia num pico de 7000 metros suscitou críticas por parte de líderes de expedições internacionais. O organizador austríaco Lukas Furtenbach considerou a regra demasiado restritiva, argumentando que exclui escaladas preparatórias populares, como Ama Dablam, Aconcágua e Denali, que têm menos de 7000 metros ou estão localizadas fora do Nepal.
Além do pré-requisito de escalada, o projeto de lei inclui outras reformas: um exame médico obrigatório numa instituição aprovada, divulgação prévia das tentativas de quebra de recordes e a exigência de que os guias de escalada sejam cidadãos nepaleses — outra exigência polémica uma vez que há certificação internacional (como a da IFMGA) que permite guiar alpinistas com segurança em qualquer parte do mundo.