Com água a -2ºC, Eurico Romaguera, natural da Figueira da Foz, conseguiu surfar uma onda provocada pelo desprendimento de gelo de um glaciar com 200 metros de altura, equivalente à implosão de um arranha-céus.
Aos 29 anos, Eurico Romaguera Gonçalves, da Figueira da Foz, tornou-se no primeiro português a surfar uma onda na Gronelândia, no polo Norte, provocada pelo desprendimento de gelo de um glaciar num mar povoado por icebergues.
“Foi uma experiência única e ao mesmo tempo surreal, a começar pela paisagem de um mar com icebergues à deriva, que é diferente todos os dias”, sublinhou à agência Lusa o surfista profissional, que reside em Londres, embora passe quase metade do ano em Portugal.
Tudo começou com o desafio lançado pelo surfista espanhol Jorge Abian, que envolveu alguma preparação e muitos riscos, num local muito gélido em que a temperatura da água era de -2ºC, sem ondulação, que culminou também com a realização de um documentário em vídeo, que já corre o mundo.
A partir da Islândia, uma comitiva de quatro pessoas viajou no início de agosto para Ilulissat, no sudoeste da Gronelândia, num local em que 90% da população é esquimó, onde esteve durante nove dias sem acesso a eletricidade nem água corrente.
“Estávamos a três horas de distância de barco da civilização, que podiam ser transformadas em seis ou sete horas se houvesse mais gelo no caminho”, salientou Eurico Romaguera, que começou a surfar desde criança e se tornou profissional aos 23 anos.
“Muita sorte”: só houve onda porque caiu um “arranha-céus”
O surfista da Figueira da Foz aproveitou a altura do ano em que as condições não são tão agrestes e conseguiu surfar uma onda provocada pelo desprendimento de gelo de um glaciar com 200 metros de altura, equivalente à implosão de um arranha-céus.
“Aquilo faz uma barulheira, parecia uma trovoada. Mete muito respeito e tive muito medo nalgumas partes da viagem, mas felizmente correu tudo bem”, congratulou-se, salientando que teve “muita sorte”.
“Só num dia é que apanhámos a onda. Foi muita sorte, porque foi muito pouco tempo de viagem. Teoricamente, devíamos lá ficar duas semanas, só que é duro, muito duro, porque é muito frio e não há eletricidade nem água corrente”, acrescentou.
A proeza ficou registada no vídeo que já corre o mundo através do YouTube e de várias plataformas, além de figurar nas revistas de referência mundiais do surf e ter aparecido na televisão espanhola.
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“Não sei se é para repetir”
“Esta experiência não sei se é para repetir, porque realmente nós cometemos muitos riscos e aquilo foi um bocado arriscado, embora tenha corrido bem felizmente”, salientou Eurico Romaguera Gonçalves, salientando que a iniciativa poderá ser repetida, “mas com outro tipo de condições”.
Já com novos desafios à porta, o surfista encontra-se num período de filtrar propostas e até ao final de setembro vai manter-se na Figueira da Foz, participando ativamente na organização do 11.º Gliding Bernacles, que vai acontecer de 18 a 22 de setembro.
Eurico Romaguera Gonçalves assume-se como um dos “10/15” surfistas nacionais ligados profissionalmente ao ‘freesurf‘, uma variante fora da competição que consiste em testar pranchas, fatos e divulgar locais internacionais de surf.
ZAP // Lusa