Sunak entre a espada e a parede no meio de rebelião dos Conservadores

2

UK Prime Minister / Flickr

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak

A nova proposta de deportação de imigrantes para o Ruanda está a causar uma grande divisão entre os Conservadores mais radicais e a ala mais liberal.

Rishi Sunak está numa corrida contra o tempo para angariar apoio para o polémico projeto de lei que pretende deportar os imigrantes que chegam ao Reino Unido para o Ruanda.

A nova proposta de lei do primeiro-ministro surge após o Supremo Tribunal ter declarado as deportações ilegais devido a potenciais violações dos direitos humanos, já que a medida impederia os imigrantes de fazer o pedido de asilo no Reino Unido.

O Supremo não descartou a possibilidade de os imigrantes serem reencaminhados para outro país, mas rejeitou especificamente o Ruanda por considerar que a nação africana não oferece condições de segurança suficientes.

Neste sentido, Sunak emendou a lei, que agora estabelece que o Ruanda é um destino seguro para os requerentes de asilo, visando prevenir os desafios legais que têm impedido os voos de deportação.

No entanto, a proposta dividiu o Partido Conservador, com os deputados mais à direita a acreditarem que a lei não vai longe o suficiente e deve ser mais apertada para evitar todas as contestações em tribunal, enquanto que a ala mais liberal recusa quaisquer alterações que arrisquem violar o direito internacional.

Esta oposição promete ser o maior desafio interno à liderança de Sunak até agora. O primeiro-ministro reuniu-se com os deputados rebeldes esta manhã no número 10 de Downing Street, numa tentativa de os convencer a apoiar a legislação.

Keir Starmer, líder dos Trabalhistas prometeu abolir o plano de Ruanda se for eleito, sugerindo que os 290 milhões de libras destinados ao esquema seriam melhor investidos na polícia do Reino Unido.

A oposição dos Trabalhistas, combinada com a de outros partidos, significa que uma rebelião de apenas 29 deputados Conservadores é suficiente para travar a proposta de lei, explica a BBC.

Vários Tories de alto escalão, incluindo o ex-Secretário da Defesa Ben Wallace e o procurador-geral Geoffrey Cox, apelaram à unidade do partido. “Se continuarmos assim, claro que vamos afastar milhões de pessoas das quais dependemos dos votos”, explicou Cox.

O grupo New Conservatives, que exige leis de imigração apertadas, acredita que a proposta precisa de “uma grande cirurgia ou substituição”. Por outro lado, o grupo One Nation, que representa mais de 100 deputados Conservadores, apoia a proposta, mas opõe-se a quaisquer alterações futuras que possam violar a Convenção dos Refugiados das Nações Unidas.

O deputado Michael Tomlinson acredita que a proposta não vai ao encontro com os valores britânicos. “Nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial impedimos as contestações de ir a tribunal”, afirma.

O Governo publicou um resumo do seu próprio parecer jurídico numa tentativa de apaziguar os críticos, afirmando que os fundamentos individuais para desafiar as deportações serão excepcionalmente estreitos sob a proposta de lei. No entanto, os opositores argumentam que reivindicações individuais ainda poderiam sobrecarregar os tribunais e atrasar as deportações.

A oposição é tal que há rumores primeiro-ministro pode enfrentar uma moção de censura dos Conservadores que estão insatisfeitos, no meio também de várias sondagens que apontam para uma vitória dos Trabalhistas nas próximas eleições gerais.

Adriana Peixoto, ZAP //

2 Comments

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.