Ao receber uma segunda medalha de ouro no Mundial de Desportos Aquáticos que decorrem em Gwangju, na Coreia do Sul, o chinês Sun Yang voltou a ser alvo de protestos de atletas.
Na noite de 4 para 5 de setembro, num período fora do quadro internacional de competições, Sun Yang chegou a casa e tinha uma brigada anti-doping à sua espera para fazer testes e recolher amostras. Segundo o Observador, das três pessoas presentes, apenas uma teria acreditação própria para o efeito.
Depois de ter falado com o seu treinador e com o seu advogado, o chinês foi encorajado a não assinar os papéis e a mãe, depois de ter ido buscar um martelo, destruiu os tubos, uma vez que nem tudo estaria conforme estipulado a nível de pedido de análises, dos técnicos e do próprio modus operandi.
Mas esta não foi a primeira vez que o desportista surgiu associado a um episódio envolvendo questões de doping. Em maio de 2014, Sun Yang foi suspenso por 90 dias pela Associação Chinesa de Natação depois de ter acusado um estimulante que entrara na lista de substâncias proibidas quatro meses antes apenas em períodos de competição.
O nadador justificou-se, dizendo que tinha sido um medicamento receitado por um médico para tratar as palpitações que sofre desde 2008 e, ao mesmo tempo, acrescentou não saber que era algo que entretanto tinha sido vetado.
Segundo o diário, surgiu uma guerra entre a WADA, Agência Mundial Antidopagem, e a CHINADA, Agência Chinesa Anti-Doping por causa da revelação tardia dos resultados e a sanção mínima que foi aplicada. No entanto, as suspeitas em torno do primeiro campeão olímpico chinês já têm mais tempo. Aliás, nos Jogos de 2012 já tinham sido faladas imprensa internacional.
Sun Yang já apresentou sinais de depressão e esteve, inclusive, evolvido noutras polémicas nas piscinas, nomeadamente em 2015 quando falhou a final dos 1.500 metros livres dos Mundiais de Kazan depois de ter tido um desentendimento com a nadadora brasileira Larissa Oliveira na zona de aquecimento, tendo mesmo tentado acertar com uma cotovelada na atleta.
Agora, nos Mundiais de Gwangju, o chinês fez história, mas também vestiu a capa de vilão. Conforme noticia o Observador, logo no primeiro dia, o desportista tornou-se o primeiro nadador de sempre a sagrar-se campeão na mesma distância em quatro edições consecutivas.
Quando saiu da piscina, só contou com a reação da claque chinesa. Logo depois, a festa acabou por ser abortada pela recusa de Mack Horton em entrar numa fotografia com os medalhados ao lado do vencedor e do italiano Gabrielle Deti, que ganhou o bronze. “Não quero partilhar o pódio com alguém que faz o que ele faz”, justificou.
Já na segunda final, dos 200 metros livres, o vencedor foi Danas Rapsys, mas acabou por ser desclassificado por falsa partida. Sun Yang conquistou assim mais uma medalha de ouro em Mundiais, a 11.ª entre 16 pódios conseguidos em Mundiais desde 2011.
No entanto, também Duncan Scott, britânico que acabou por subir ao pódio pelo “azar” de Rapsys, se recusou a surgir na fotografia com o vencedor. “És um perdedor, eu ganhei”, reagiu o nadador chinês.
Aos 27 anos, dentro e fora das piscinas, Sun Yang continua a ser notícia. O diário adianta que o jovem desportista tem ainda em curso um processo por ter destruído as amostras recolhidas em setembro do ano passado, depois do recurso apresentado pela Agência Mundial Antidopagem à decisão da Federação Internacional de Natação em fazer só uma advertência ao chinês pelo seu comportamento.