Enquanto estudos anteriores lançaram dúvidas sobre a autenticidade do Sudário de Turim, datando-o da Idade Média, um novo estudo vem agora reacender o debate, sugerindo que pode, de facto, ser muito mais antigo – e possivelmente genuíno.
Durante séculos, o Sudário de Turim tem sido objeto de debate. Considerado por alguns como o pano de enterro de Jesus Cristo, o sudário de linho tem a imagem ténue de um homem barbudo e cativou a imaginação de todos.
O Sudário de Turim veio a público pela primeira vez na década de 1350, quando foi apresentado como o pano de enterro que envolveu o corpo de Jesus após a sua crucificação. O sudário, agora guardado na Catedral de São João Batista em Turim, tornou-se desde então um dos artefactos religiosos mais estudados da história.
Ao longo dos anos, a sua autenticidade tem sido tanto defendida como questionada. O desafio mais significativo à sua autenticidade surgiu em 1988, quando testes de datação por carbono sugeriram que o pano datava apenas do século XIII ou XIV, muito depois do tempo de Cristo.
No entanto, um novo estudo conduzido por cientistas do Instituto Italiano de Cristalografia do Conselho Nacional de Investigação questiona as conclusões de 1988. Utilizando uma nova técnica, os investigadores conseguiram medir o processo natural de envelhecimento da celulose do linho no sudário.
De acordo com o Daily Mail, este método permitiu-lhes estimar o tempo decorrido desde o fabrico do pano, examinando a quebra das moléculas de celulose, que ocorre naturalmente à medida que os tecidos envelhecem.
Os investigadores recolheram oito pequenas amostras do Sudário de Turim e submeteram-nas a raios X para analisar a estrutura e o envelhecimento do linho. Depois, compararam estas amostras com linhos de idades conhecidas, incluindo alguns do século I encontrados em Israel. As suas descobertas sugerem que o perfil de celulose do sudário se aproxima do perfil dos tecidos de linho que datam do tempo de Jesus, há cerca de 2 mil anos.
Esta nova prova põe em causa os resultados dos testes de datação por carbono realizados em 1988, que datavam o sudário entre 1260 e 1390 d.C.
O autor principal do estudo, Liberato De Caro, salientou que os testes anteriores podem ter sido comprometidos por contaminação. O perito sugeriu que o método de datação por carbono-14 utilizado em 1988 poderia não ser fiável devido à possibilidade de a amostra testada ter sido contaminada por materiais adicionados ao longo dos séculos.
A equipa de investigadores também observou que, se o sudário tivesse sido mantido em condições específicas de temperatura e humidade ao longo da sua história, o seu processo de envelhecimento estaria mais de acordo com os novos resultados de datação.
Isto implica que o sudário poderia ter sido preservado em condições que correspondem às da região de Israel na época de Cristo, dando crédito à ideia de que não se trata de uma falsificação medieval, mas sim de um artefacto do primeiro século.
O estudo, publicado recentemente na revista Heritage, também rejeita a ideia de que a imagem do sudário tenha sido criada por artistas medievais, uma vez que testes anteriores não confirmaram a existência de técnicas de pintura que pudessem explicar as marcas.