Subcomissária que podia ser a primeira mulher do Corpo de Intervenção da PSP foi expulsa

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A subcomissária Marisa Pires

A subcomissária Marisa Pires, de 27 anos, terminou de forma inesperada a sua participação no curso do Corpo de Intervenção da PSP, depois de ter sido expulsa, alegadamente por faltas.

Marisa Pires integrava o curso do Corpo de Intervenção da PSP que começou a 22 de Janeiro passado e que tem duração prevista até 27 de Março, relata o Correio da Manhã.

Mas depois de ter superado “as rígidas provas, físicas e teóricas, previstas no curso”, e “com resultados por vezes superiores aos dos homens“, acabou expulsa.

Uma fonte oficial da PSP explica ao CM que “a formanda foi eliminada no quadro da aplicação das regras de frequência e aproveitamento“, recusando revelar mais dados sobre o assunto. A expulsão terá sido comunicada a Marisa Pires sem que lhe tenha sido apresentada qualquer justificação para o efeito.

A situação causa estranheza, tanto mais que Marisa Pires foi condecorada, recentemente, por Marcelo Rebelo de Sousa, com a medalha de Ordem e Mérito pelo ano e meio de serviço em que esteve à frente da PSP do Palácio de Belém. Antes tinha comandado uma esquadra na Penha de França, em Lisboa, onde tinha tido 50 homens sob as suas ordens.

O CM constata que a subcomissária de 27 anos foi “impedida de ser a primeira mulher no Corpo de Intervenção da PSP”, notando que “os obstáculos à presença de Marisa” nas instalações onde decorreu a formação, no Quartel da Calçada da Ajuda, em Lisboa, “começaram cedo a fazer-se sentir”.

O jornal refere que a polícia teve sempre que ir dormir a casa, uma vez que no quartel não há instalações para acolher mulheres. “Foi-lhe dado um espaço para mudar de roupa e tomar banho”, mas a “jovem oficial foi impedida pela hierarquia de estar na mesma camarata que os colegas homens nos tempos mortos”.

Além disso, “a jovem terá visto a nota de mérito (que avalia a capacidade de liderança) ser reduzida inexplicavelmente” nas duas últimas semanas, segundo a mesma fonte.

Contactada pelo CM, Marisa Pires não prestou declarações, mas ainda pode recorrer da expulsão para a Direcção-Nacional da Polícia.

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Marisa Pires

Marisa Pires, campeã nacional e europeia de Muay thai, viu a nota de mérito (que avalia a capacidade de liderança) ser reduzida inexplicavelmente” nas duas últimas semanas

“A PSP é uma instituição sexista”

O presidente do Sindicato Unificado da Polícia (SUP), Peixoto Rodrigues, considera que é preciso abrir um inquérito para “uma averiguação interna”, conforme declarações ao jornal Público.

Este elemento acusa a PSP de ser “uma instituição ainda um pouco sexista”, alertando que “tem de se mostrar” mais “aberta às mulheres, com igualdade de oportunidades”.

Peixoto Rodrigues afiança também que falou com “várias pessoas do Corpo de Intervenção” e diz que constatou que a subcomissária “superava muitos dos homens do curso”. “Nem a própria [Marisa Pires] sabe porque a mandaram embora”, salienta o sindicalista.

Num comunicado enviado à Antena 1 e divulgado pela RTP, a PSP afiança que “não discrimina positiva ou negativamente mulheres ou homens”, e que “orgulha-se de ter sido a primeira Polícia em Portugal a integrar mulheres em toda a sua estrutura hierárquica e funcional”.

Sobre o caso da subcomissária Marisa Pires, a PSP alega que foi “eliminada” do curso “por aplicação das regras de avaliação constantes do regulamento de frequência do mesmo, na sequência de duas avaliações negativas, consecutivas, cujos motivos lhe foram comunicados”.

“As regras aplicadas a esta formanda foram as mesmas aplicadas a outros formandos que frequentaram o mesmo curso e que já ditaram a eliminação de 6 formandos homens, incluindo Oficiais”, acrescenta a força policial.

A jovem de 27 anos confessava, em 2015, em declarações ao jornal Sol o sonho de “entrar um dia no Corpo de Intervenção ou no Grupo de Operações Especiais”, as elites da PSP onde não existe ainda nenhuma mulher.

O Corpo de intervenção está integrado na Unidade Especial de Polícia da PSP e para poder integrar a força de elite é preciso ter, pelo menos, dois anos de experiência como polícia, passar nos testes físicos e psicológicos, e fazer o curso de cinco semanas.

Muitas das mulheres que tentam integrar o curso, não conseguem passar nos testes físicos. Não foi o caso da subcomissária que está habituada a destacar-se em áreas dominadas por homens, somando vários títulos nacionais e internacionais de Muay Thai e de Kickboxing.

ZAP //

16 Comments

  1. Esta quer igualdade de direitos, mas quanto a deveres acha que nao se aplicam a ela?!
    Se faltou pq nao ser eliminada de acordo com o regulamento, nao e por ser mulher que se vai abrir uma excepcao.

    • Ninguém esta pedir excepções, apenas explicações

      Na realidade, se ler a noticia, ela esta a ser prejudicada, não beneficiada, ela tem de ir dormir a casa, se apanhar transito a caminho pode chegar atrasada e assim poder ser expulsa, voce pode dizer que saísse de casa mais cedo, mas assim ela é ainda mais prejudicada porque tem de se levantar antes e assim ter menos descanso para depois ter as mesmas responsabilidades.
      Alem disso nao parece certo que ela esteja impedida pela hierarquia de estar na mesma camarata que os colegas homens nos tempos mortos, o isolar-la do resto do mundo prejudica a saude mental, neste tipo de exercícios e missões, eles dependem uns dos outros, a ligação tornasse as vezes mais forte que irmãos, ela esta ser prejudicada aqui também

      Agora o Joao, se tirar os óculos de machista e ler a noticia outra vez diga la se ainda acha que ela esta a pedir tratamento de excepção por ser mulher.

      • Interessante, entao se ela trabalha-se em uma empresa privada, o facto de nao dormir nas instalacoes dava-lhe uma desculpa para chegar atrasada/faltar!!!!

        Pode nao estar na camarata mas pode estar por exemplo no bar. Porque vai estar na camarata?!

        Quando o servico militar era servico militar, apenas era autorizada a presenca na camarata quando o justifica-se ou fosse autorizado!!!

      • Em primeiro nao sabemos se faltava ou chegava atrasada, mas sim em caso de atraso pode ser justificado com ir dormir a casa.
        Mas para discutir isso teríamos de ter pormenores, onde vive, onde treina, etc.

        Em segundo lugar, o Joao não acompanhou o raciocínio, independente do atraso ou outros, ela esta a ser prejudicada por ser mulher e isso é errado.
        Ou dizem que não aceitam mulheres e seria uma discussão para a sociedade discutir os motivos (chama-se democracia) ou então aceitam as mulheres e temos de lhes dar as mesmas condições.

        Relativamente á sua pergunta:
        “Pode nao estar na camarata mas pode estar por exemplo no bar. Porque vai estar na camarata?!”
        Voce realmente não conhece a realidade do local, mas em forma de resposta simples, porque é lá que estão os seus colegas.
        Alem do mais, se eles estão autorizados a estar nas camaratas e ela não, então é mais uma forma de discriminação.

  2. Aos 27 anos foi condecorada por liderar a policia no palacio de belem durante um ano e meio….
    Ou seja.. começou aos 25
    Antes… ja liderava uma equipa de 50 homens… e suponho que nao tenha sido de um dia para o outro

    Nao é estranho ????? Pelas empresas por onde passei as pessoas com 23, 24 eram estagiarios e “tiravam cafés”
    Por muito boa que seja… saiu da escola para liderar 50 homens ???

    • E há professoras universitárias, médicas e juízes femininos com 23 24 anos. Não percebo a sua dúvida. Também há pessoas com 40,50 incapazes de cuidar de um passarinho. Se a notícia for correta ela foi ativamente bloqueada. Isso não é novidade infelizmente é a indiferença das pessoas ou a sua recusa em ver os problemas que permitem a continuação destas situações. Se ela fosse um homem negro talvez ressoasse mais depressa na cabeça das pessoas.

      • Só se for em Marte! ” Professoras universitárias , médicas e juízas com 23 24 anos”…sim acredito nas “novas oportunidades”.

      • O Sr. Ricardo Pereira e o Sr. Marciano falam sem conhecimento de causa.
        Sim aos 25 anos pode estar a comandar uma esquadra com 50 pessoas.
        E
        Sr. João Saraiva, que, nem escrever sabe, muito menos ler… Deveria olhar por si abaixo antes opinar acerca dos outros.

    • Ó Ricardo Pereira, se calhar ainda é um jovem e, estando habituado a ver o que acontece aos jovens, no âmbito das suas profissões, pensa que foi e tem de ser sempre assim.
      No meu tempo, homens com a idade dela não lideravam equipas de 50 homens, mas comandavam companhias de 160 militares nas guerras das ex-colónias.
      Quanto à notícia, não é possível chegar-se às causas da expulsão da subcomissária. Mas não me admiraria se tudo não tivesse passado de descriminação…

      • A diferença é que durante o ultramar estavamos em guerra. Milhares de unidades e o numero de pessoas a liderar tinha que ser bem maior. Como diz e bem.. era normal

        Hoje , e no contexto em questao nao é , e ainda bem que nao é
        Há coisas que so se aprendem com a experiencia
        Por algum motivo os presidentes das grandes companhias, da republica, militares de topo, etc…. nenhum tem 20 anos
        Vedetas dessas so no futebol

  3. Pois! João Capela é preciso não esquecer que quem vai lhe vai pagar a reforma (choruda) somos nos-contribuintes que andamos anos a trabalhar/descontar para ao fim de 40 e tais anos darem-nos 300 e tal euros e ainda acham que é “favor” .Quanto ao caso da subcomissária acho que se trata tudo de maxismo
    Já quando foi da tropa houve burburinho “Olha agora haver mulheres na tropa” mas se olharem para anos atras veem que essas mulheres são tão capazes como qualquer homem, mas a p…a do maxismo não os deixa ver as coisas.

  4. Num comunicado enviado à Antena 1 e divulgado pela RTP, a PSP afiança que “não discrimina positiva ou negativamente mulheres ou homens”, e que “orgulha-se de ter sido a primeira Polícia em Portugal a integrar mulheres em toda a sua estrutura hierárquica e funcional”.

    Nota-se perfeitamente que o esforço foi doloroso, e o sorriso de tanto orgulho deve ter sido amarelo.

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