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Os satélites de Elon Musk estão a impedir a exploração do Universo

CV

Starlink, projeto da SpaceX

Satélites Starlink da SpaceX continuam a “cegar” os astrónomos, agora com 32 vezes mais intensidade do que os satélites da geração anterior.

As ondas de rádio emitidas pelos satélites Starlink da SpaceX continuam a perturbar as observações astronómicas.

De acordo com uma equipa de investigadores do Instituto Holandês de Radioastronomia (ASTRON), a nova geração de satélites Starlink está a causar interferências nos radiotelescópios ainda maiores do que os seus antecessores.

Apesar de fornecerem Internet de alta velocidade a utilizadores em todo o mundo, os milhares de satélites da empresa do milionário Elon Musk em órbita terrestre estão a tornar os radiotelescópios “cegos”, prejudicando a exploração do Universo.

Quanto mais satélites são lançados com este nível de emissões, menos do céu conseguimos observar“, explicou Jessica Dempsey, diretora do ASTRON.

As emissões dos satélites estão a afetar a observação de fenómenos como jatos emitidos por buracos negros, galáxias a milhões de anos-luz, exoplanetas, entre outros.

Os investigadores descobriram que as interferências causadas pelos satélites V2, da segunda geração, são 32 vezes mais fortes do que as da primeira geração.

Dempsey sublinhou que a radiação emitida pelos satélites ultrapassa os limites estabelecidos pela União Internacional de Telecomunicações.

Galáxias distantes, planetas e outros objetos celestes emitem luz que pode ser captada por instrumentos como os radiotelescópios. No entanto, ao observar estes astros, os cientistas têm detetado também a radiação indesejada de quase todos os satélites Starlink V2, que se revelaram quase 10 milhões de vezes mais brilhantes do que as fontes de luz mais ténues observadas no universo.

É como comparar as estrelas menos brilhantes visíveis a olho nu com o brilho da Lua cheia.

“Como a SpaceX lança 40 satélites Starlink de segunda geração por semana, o problema está a agravar-se cada vez mais“, alertou Cees Bassa, líder de nova investigação publicada na revista Astronomy and Astrophysics. Além disso, os satélites também causam poluição luminosa que pode interferir nas observações dos telescópios ópticos.

Os astrónomos já tinham expressado as suas preocupações à SpaceX sobre a primeira geração de satélites, e a empresa tomou medidas para mitigar os problemas. No entanto, as interferências da segunda geração revelaram-se ainda mais intensas.

“Na verdade, isto está a ameaçar toda a astronomia terrestre em todos os comprimentos de onda e de diferentes formas”, reforça Dempsey. Se continuar assim, sem o tipo de mitigação necessária para tornar estes satélites silenciosos, isto irá tornar-se uma ameaça existencial para o tipo de astronomia que praticamos”, concluiu.

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