A cápsula Starliner da Boeing separou-se esta sexta-feira da Estação Espacial Internacional para iniciar o regresso à Terra, sem os dois astronautas que tinha levado, devido a preocupações com a segurança do dispositivo. Butch Wilmore e Suni Williams só regressam em fevereiro, numa Dragon da SpaceX.
“A separação está confirmada”, realçou a NASA, pelas 23:04, num vídeo ao vivo. “A Starliner está agora a afastar-se da estação e a iniciar o seu regresso à Terra”, acrescentou.
A viagem da cápsula aconteceu sem problemas: às 5:03 deste sábado, a Starliner, aterrou no porto espacial de White Sands, no Novo México, no sudoeste dos Estados Unidos.
A reputação da gigante aeronáutica norte-americana – já abalada por numerosos problemas recentes com os seus aviões comerciais – sofreu mais um golpe em junho, quando foram detetadas falhas no propulsor e fugas de hélio na cápsula no momento do voo tripulado inaugural.
Com lançamento inicialmente previsto para 6 de maio, uma série de atrasos adiaram durante um mês o lançamento da nave da Boeing.
Finalmente, a 7 de junho, a primeira missão tripulada da Starliner largou finalmente da Florida, voou para além da atmosfera terrestre, e atracou com sucesso na ISS, entregando à estação espacial os astronautas da NASA Butch Wilmore e Suni Williams.
No entanto, após a atracagem, as fugas de hélio detetadas levaram os responsáveis de voo a considerar não haver condições de segurança para que os astronautas pudessem regressar à Terra, alguns dias mais tarde, conforme estava previsto, a bordo da Starliner — que ficou presa, atracada à Estação Espacial.
Apesar das tentativas do fabricante para convencer a NASA da segurança do seu dispositivo, a agência espacial preferiu trazer Butch Wilmore e Suni Williams através da concorrente da Boeing, a SpaceX, e da sua cápsula Crew Dragon.
Os dois astronautas, que só regressarão à Terra no próximo ano, vão permanecer no espaço durante mais de oito meses, enquanto estavam inicialmente programados para realizar uma missão de oito dias.
O responsável pelo programa de voos espaciais humanos comerciais da NASA, Steve Stich, referiu aos jornalistas esta semana que, apesar da certeza da Boeing sobre as suas projeções, a agência espacial “não se sentia confortável” em avançar com a Starliner “devido à incerteza”.
Um voo de regresso tranquilo da cápsula que foi essencial para o fabricante norte-americano, não só para a sua autoestima, mas também para as suas futuras hipóteses de obter novas aprovações para voos tripulados.
Durante o voo de regresso, as equipas de terra monitorizaram o desempenho da Starliner em todos os seus aspetos, principalmente dos seus propulsores – que apresentaram problemas – durante o impulso para permitir que este saísse da sua órbita e reentrasse na atmosfera terrestre.
Há dez anos, a NASA encomendou uma nova nave espacial à Boeing e à SpaceX para transportar os seus astronautas para a ISS. Com dois veículos, a agência espacial norte-americana não quer ficar sem solução em caso de problema num deles.
Mas a empresa de Elon Musk venceu em grande parte a Boeing e tem desempenhado sozinha o papel de ‘táxi espacial’ nos últimos quatro anos.
Este primeiro voo tripulado da Starliner, realizado com anos de atraso devido a contratempos durante o seu desenvolvimento, seria o último teste antes do lançamento das operações regulares.
ZAP // Lusa