Sporting é bicampeão nacional 71 anos depois

Filipe Amorim / Lusa

Sporting levanta o título de campeão nacional pela 21.ª vez na sua história

O Sporting só dependia dele próprio para a ser bicampeão nacional e cumpriu. Uma vitória por 2-0, frente ao Vitória SC, levou os leões ao 21.º campeonato da sua história. Há 71 anos que a formação verde-e-branca não conseguia o “bi”.

Há um ano, Amorim bebeu duas cervejas e fez uma promessa ousada: “Não costumo beber… sim, queremos ser bicampeões“.

“Ousada”, porque o Sporting não conseguia tal feito desde 1954. Mas aconteceu. O já distante Amorim sabia o que estava a dizer e o que podia prometer. Hoje, a 17 de maio de 2025, 71 anos depois da última vez, o Sporting sagra-se bicampeão nacional.

Uma vitória por 2-0, frente ao Vitória SC, levou os leões ao 21.º campeonato da sua história, com golos de Pote e Gyökeres.

O Sporting só dependia dele próprio para ser campeão. Sabia que uma vitória lhe bastava. E cumpriu.

À mesma hora, o Benfica, que entrou para esta jornada com os mesmos pontos do que os leões, empatou com o SC Braga e fica assim com 2.º lugar.

O FC Porto venceu ao Nacional por 3-0 e fechou o pódio do campeonato. Neste lugar, os portistas garantem o acesso direto à Europa League; ao contrário do SC Braga, que ficou em 4.º e segue para a fase de qualificação.

Quem também segue para a fase de qualificação é o Santa Clara, mas da Conference League, depois de ultrapassar o Vitória SC e assegurar o 5.º lugar (e última vaga europeia do campeonato). Os açorianos derrotaram o Farense, que foi despromovido ao segundo escalão do futebol português.

Por falar em despromovidos… o antigo campeão nacional Boavista vai acompanhar a turma de Faro na descida à segunda divisão. Os axadrezados perderam 4-1 frente ao Arouca e acabaram na última posição do campeonato.

Em antepenúltimo ficou o AVS, que também perdeu (0-3, contra o Moreirense) e vai disputar o play-off de despromoção contra o Vizela.

 

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Um Amorim e um João Pereira depois…

Rui Borges levou o Sporting ao tão ambicionado “bi”. Mas importa lembrar que a época dos leões começa a todo o gás com Rúben Amorim ao comando.

A turma verde-e-branca viveu, depois, momentos atribulados com João Pereira – a quem foi incumbida a tarefa ingrata de substituir Amorim, que seguiu para Inglaterra. Não correu bem, e João Pereira saiu no Natal.

Frederico Varandas foi rápido a reagir e apostou em Rui Borges, que conseguiu reorientar a equipa e terminar o campeonato sem qualquer derrota ao comando do Sporting.

Na história, ficará o nome dos três treinadores… mas o grande destaque continua a ir para Rúben Amorim, que, em 2020, iniciou uma nova Era no Sporting.

Correu tão bem…

Há cinco anos, o presidente Frederico Varandas apresentava o terceiro treinador daquela época (2019/20), depois de pagar 10 milhões ao SC Braga.

Na apresentação, naquela que era a sua primeira época enquanto treinador não estagiário, Rúben Amorim reconheceu que era normal levantarem-se dúvidas… mas questionou: “E se corre bem?” – questionou aquele que viria a ser o treinador do Sporting mais titulado de sempre.

Rúben Amorim, que tinha vencido uma Taça Liga em janeiro ao serviço do SC Braga, vinha com um projeto revolucionário para o Sporting e, desde logo, mostrou-se determinado a implementá-lo.

“As pessoas falam muito do momento do Sporting… do risco que é para o Sporting e para o treinador mudar neste momento… perguntam: e se corre mal? Mas eu faço a pergunta contrária: e se corre bem?“, questionou o antigo internacional português, na apresentação.

Aquela retórica carismática, afinal, não era desprovida de sentido, e Amorim continuava: “Nós podemos mexer com esta gente, dar o que esta gente precisa. O Sporting precisa de uma nova vida. E se nós conseguirmos fazer isso?“.

Aquelas palavras na apresentação – reveladoras de uma confiança tremenda – eram o prenúncio de uma nova dinastia de sucesso leonino. Correu mesmo bem.

Entretanto, Rúben Amorim “escapou”, mas o projeto ficou. Na festa do ano passado, quando fez a promessa o bicampeonato seguida de um épico mic drop, o mister sabia o que estava a prometer.

“Disseram que só ganharíamos campeonatos de 18 em 18 anos… disseram que só ganhámos o campeonato porque não tínhamos público… e dizem que jamais seremos bicampeões outra vez… vamos ver“, disse Amorim.

Parece que o desafio com 71 anos foi mesmo cumprido.

Miguel Esteves, ZAP //

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