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Sonda europeia Juice partiu com sucesso para a sua épica jornada às luas geladas de Júpiter

A sonda espacial europeia Juice foi lançada com sucesso esta sexta-feira, a bordo de um foguete Ariane 5, rumo a Júpiter e às suas luas geladas, com a missão de procurar ambientes favoráveis a formas de vida extraterrestre.

A Agência Espacial Europeia  ESA lançou esta sexta-feira a Juice, sonda com tecnologia ‘made in Portugal‘ e um português como diretor de operações de voo, que irá estudar Júpiter e três das suas maiores luas.

O foguete partiu do centro espacial europeu em Kourou, na Guiana Francesa, às 12h14 , 24 horas depois de o seu lançamento ter sido adiado devido ao risco de tempestades.

A sonda separou-se do foguete de lançamento, conforme planeado, 27 minutos após a descolagem, a uma altitude de cerca de 1.500 quilómetros.

A missão de Ariane 5 é um sucesso“, declarou o presidente da Arianespace, Stéphane Israël, citado pela agência AFP.

Assim começou a viagem de oito anos da Juice, acrónimo de Jupiter Icy Moons Explorer, uma missão da Agência Espacial Europeia (ESA).

O lançamento, que estava previsto para quinta-feira, foi adiado devido ao risco de ocorrência de raios, poucos minutos antes do final countdown.

Ao contrário dos lançamentos clássicos, que têm uma certa margem para descolar, a janela de lançamento da sonda Juice é de apenas de um segundo, devido à órbita específica que tem que atingir.

“É a sonda mais complexa até agora enviada a Júpiter”, disse o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher, na sala de controle Júpiter no Centro Espacial da Guiana.

“É uma missão extraordinária que mostra tudo o que a Europa é capaz de fazer”, disse Philippe Baptiste, presidente do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França.

A missão, que esteve para ser lançada em 2022, tem Bruno Sousa como diretor de operações de voo e o satélite inclui componentes fabricados pelas empresas LusoSpace, Active Space Technologies, Deimos Engenharia e FHP – Frezite High Performance e um instrumento concebido em parte pelo LIP – Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas.

A sonda, que deve chegar ao seu destino final em 2031, irá procurar condições propícias ao aparecimento de outras formas de vida nas luas de Júpiter. Será a primeira vez que um satélite artificial orbitará uma lua de outro planeta.

Atualmente, o único satélite artificial em órbita de Júpiter é o Juno, da NASA.

A viagem anuncia-se sinuosa, já que a sonda terá que realizar complexas manobras de assistência gravitacional, que consistem em utilizar a força de atração dos outros planetas como catapulta.

Espera-se que a missão da ESA, que custou cerca de 1,6 mil milhões de euros e teve a colaboração das agências espaciais norte-americana (NASA), japonesa (JAXA) e israelita (ISA) em termos de instrumentação e ‘hardware’, termine em setembro de 2035.

Júpiter é 11 vezes maior do que a Terra e é composto maioritariamente por gás, como o Sol. Ganimedes é a maior das luas do Sistema Solar e tem um grande oceano sob a sua superfície.

A missão da ESA foi concebida para averiguar se haverá sítios em redor de Júpiter e no interior das luas geladas com as condições necessárias (água, energia, estabilidade e elementos biológicos) para suportar vida.

ESA

Tecnologia portuguesa a bordo

A missão Juice tem Bruno Sousa como diretor de operações de voo e o satélite inclui componentes fabricados pelas empresas LusoSpace, Active Space Technologies, Deimos Engenharia e FHP – Frezite High Performance e um instrumento concebido em parte pelo LIP – Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas.

À Deimos Engenharia coube a tarefa de garantir que o satélite não atingirá “em circunstância alguma” nem o planeta Marte nem a lua Europa, que estão, segundo explicou a empresa à Lusa, na “categoria de proteção planetária máxima para corpos extraterrestres”, que podem “potencialmente albergar vida”.

Um dos vários instrumentos que o satélite transporta é um monitor de radiação desenvolvido pelo LIP e Efacec, em cooperação com a empresa norueguesa Ideas e o instituto de investigação suíço Paul Scherrer.

A investigadora Paula Gonçalves, que coordenou no LIP o projeto, esclareceu à Lusa que o instrumento “serve para medir o ambiente de radiação ionizante” a que o satélite vai estar sujeito durante a sua trajetória, “podendo enviar sinais de aviso para que se possam proteger os outros detetores e sistemas” do satélite.

Outro dos instrumentos do JUICE é um magnetómetro, um aparelho que, no caso, vai caracterizar o intenso campo magnético de Júpiter e a sua interação com o da lua Ganimedes.

A LusoSpace desenvolveu uma bobina que, conforme sintetizou à Lusa o presidente-executivo da empresa, Ivo Yves Vieira, gera um campo magnético “que será uma referência para o instrumento de medida do campo magnético de Jupiter”.

ZAP // Lusa

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