A sonda lunar LRO descobriu por acaso nas crateras claras do pólo sul da Lua novos depósitos de gelo, o que faz aumentar significativamente as reservas de água no satélite da Terra.
“Sempre pensámos que o gelo na Lua devia estar concentrado em locais onde a temperatura fosse suficientemente baixa para a sua formação, mas na verdade nem sempre assim é, e esta peculiaridade da Lua há muito tempo que desperta p nosso interesse”, diz Matthew Siegler, do Instituto da Ciência Planetária em Tucson, EUA.
“Agora temos bastantes dados para começar a resolver o enigma, ou seja, saber como é que esta água apareceu. Isso é importante tanto para uma futura colonização da Lua, como para saber como surgiu a água na Terra“, acrescentou o investigador.
A descoberta foi apresentada num artigo que vai ser publicado na edição de agosto da revista científica Ícarus.
Uma das principais descobertas da sonda LRO, a Lunar Reconnaissance Orbiter, foram os vestígios da presença de água na cratera Cabeus, no polo sul da Lua. Além disso, a LRO encontrou zonas específicas de permafrost, onde os raios do Sol não penetram e, em teoria, o gelo deve existir eternamente.
O papel-chave nesta descoberta foi desempenhado pelo detector de neutrões russo LEND, Lunar Exploration Neutron Detector, que mostrou aos cientistas da NASA e seus colegas russos os pontos no pólo sul onde a proporção possível de gelo e água é máxima.
Esta descoberta permite agora que os cientistas tentem perceber de onde veio a água e como é que o gelo se manteve sem se evaporar sob os raios do Sol.
As novas reservas de gelo, que cientistas não conheciam, foram descobertas pela equipe de Siegler graças a dois aparelhos da LRO que conseguem medir a alterações mínimas de temperatura na superfície da Lua.
Usando o equipamento da LRO, os cientistas elaboraram dois mapas especiais da Lua — um com as regiões da Lua mais quentes e outro com as zonas que melhor reflectem os raios do Sol.
A combinação destes parâmetros, segundo Siegler, permite encontrar com alta precisão as reservas de gelo, pois a água gelada em geral é mais fria do que o solo “seco” lunar e, ao mesmo tempo, reflecte melhor a luz.
Até agora, os especialistas da NASA e seus colegas russos procuravam jazidas de gelo na Lua apenas nas crateras escuras e frias nos pólos do satélite da terra, onde os raios do Sol nunca ou quase nunca penetram, pelo que o gelo não se funde e não se evapora.
Mas os dados da LRO mostraram que tal método estava errado: a descoberta clarifica que as reservas de gelo estão concentradas não apenas nas crateras frias e escuras, mas também nas crateras mais claras e quentes no pólo sul da Lua.
Esta descoberta complica ainda mais o enigma das reservas de água na Lua.
Apesar da grande distância entre a Lua e o Sol, na Lua há quatro vezes menos gelo do que em Mercúrio, o primeiro planeta do Sistema Solar. Os cientistas não sabem porque isso acontece, mas esperam que novas observações da LRO ajudem a encontrar a explicação para o fenómeno.
ZAP // Sputnik News
Pelo menos já dá para umas bejecas frescas!