Sonae avança com polémico hotel junto às ruínas romanas de Troia

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(dr) Troia Resort

As ruínas romanas de Troia.

A Sonae, liderada por Cláudia Azevedo, vai avançar com um projeto na zona mais sensível de Troia, perto de uma zona de sapal e das ruínas romanas.

O grupo já terá acertado a venda deste projeto aos brasileiros da Major Development, assim que seja aprovado.

Em causa está a construção de um hotel com 60 camas e 125 moradias numa zona com 264 hectares, localizada em Grândola, escreve o Jornal de Negócios.

A empresa apresentou o projeto no âmbito dos compromissos assumidos quando a Sonae comprou a Torralta ao Estado no final de 1997, detalha o jornal. A chamada UNOP 4 (Unidade Operativa de Planeamento) faz parte da antiga Torralta, pelo que compete ao seu comprador apresentar os planos de investimento para aquela zona.

A denominada UNOP 4 (Unidade Operativa de Planeamento) de Troia possui um ecossistema classificado como frágil.

O valor da venda à brasileira Major Development não é conhecido. A empresa tem atividade em Portugal desde 2012 com os projetos residenciais Garden Cascais, Solo Oeiras, Vistabella Oeiras e outro em Santa Apolónia.

O projeto prevê a recuperação do hotel Palácio Sottomayor, com 60 camas e 30 quartos, e a construção de um aldeamento turístico de 125 moradias, num total de 640 camas.

De acordo com o Negócios, a Sonae Capital abandona a criação de planos de água e de um centro hípico e correspondente picadeiro, que “é substituído por uma piscina e dois campos de padel exteriores”.

Terminada a consulta pública, o projeto terá ainda de ser submetido à apreciação da Câmara Municipal de Grândola. O grupo assegura que este projeto “cumpre todas as condições estabelecidas na Declaração de Impacto Ambiental de janeiro de 2016″.

Um dos pontos fracos identificados na análise feita pelos promotores à ocupação turística da UNOP 4 foi o “aumento da construção e da carga humana (maior pressão e perturbação de espécies e habitats)“.

Em 2018, a Sonae Capital já tinha vendido um empreendimento em Troia, na UNOP 3, com uma mais-valia de 15,5 milhões de euros. A venda foi feita à sociedade Lagune Tróia S.A., detida integralmente pela sociedade de direito francês Lagune.

Adicionalmente, em maio deste ano, a Sonae Capital vendeu 377 unidades de alojamento hoteleiro em Troia, naquela que foi uma das maiores operações do mercado imobiliário em hotéis realizada em Portugal este ano, apesar do valor da venda não ter sido divulgado.

Em causa estão o Aqualuz Tróia Mar&Rio e o The Editory By The Sea Troia-Comporta, inseridos no Troia Resort. Segundo o Jornal Económico, localizados junto à praia, os hotéis têm capacidade para 600 pessoas, três restaurantes, spa, sala fitness, piscina interior e exterior e jardim.

Daniel Costa, ZAP //

4 Comments

  1. Não sou arquiteta e pouco percebo de urbanismo, mas esta construção parece-me mais uma daquelas que vai estragar uma área protegida, localizada num espaço privilegiado, com um acesso único. Será que não se poderão deixar algumas áreas intactas. Afinal a península de Tróia ainda tem tanto terreno à espera de ser ocupado com os investimentos turísticos. Esta área junto às ruínas deveria ser preservada como espaço de interesse histórico e de lazer, próprio para caminhadas e exploração da natureza. É um nicho que atrai muitos turistas menos interessados em grandes aglomerados.
    Mas os senhores do Urbanismo e do Turismo é que têm voto na matéria.

    • E as indústrias poluidoras? Essas também não estão longe e ninguém faz nada para mudá-las de lugar. Já exploram a zona há tempo demais.

  2. Não me admira nada. Neste País governado por políticos profissionais mas incompetentes, tudo é possível, pois quem manda nesses governantes, é a EDP, a GALP, o Grupo Sonae, o Grupo Jerónimo Martins e mais meia dúzia de grupos económicos. A História se encarregará de os desmascarar e condenar, embora como é conhecido da História, já pouco ou nada adiantará.

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