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“Vaga de degradação política”. Sócrates ataca “brutalidade” de Ventura e “maledicência” de Ana Gomes

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Miguel A. Lopes / Lusa

Ex-primeiro ministro e ex-líder do PS, José Sócrates

O antigo primeiro-ministro José Sócrates considera que chegou a Portugal uma “vaga de degradação política” com as eleições presidenciais, alerta para a “brutalidade” da extrema-direita e critica a “maledicência” para “agradar a pasquins” da candidata Ana Gomes.

Estas posições constam de um artigo que José Sócrates publica hoje na revista brasileira “Carta Capital”, intitulado “Ventos da tragédia”, no qual começa por se referir às lições da História, tendo como base uma biografia de Mussolini, ” M – o filho do século”, de Antonio Scurati, e à recente invasão do Capitólio em Washington por apoiantes do Presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Aqui, em Portugal, entrámos também em campanha eleitoral para Presidente da República. E também aqui a vaga de degradação política chegou de forma avassaladora. A entrada na campanha do candidato da extrema direita mudou tudo”, sustenta o antigo líder socialista.

Segundo José Sócrates, “o espetáculo é agora de violência, agressão pessoal e brutalidade, primeiro nas palavras – começa sempre nas palavras”.

“A linguagem não poderia ser mais esclarecedora da inspiração brasileira. Bem vistas as coisas, esta direita salazarista nunca deixou de existir em Portugal. Estava apenas adormecida pela história e à espera do momento certo”, defende.

Na perspetiva do antigo primeiro-ministro, nesta forma de campanha de André Ventura, “Trump e Bolsonaro deram a senha” ao propagarem a ideia de que “a moderação e o civismo democrático são filhos do politicamente correto e é preciso acabar com ele”.

“Eis a primeira impressão geral da campanha – selvajaria, baixeza e apodrecimento. Ventos de desafio sopram por todo o mundo. O século vive agora com o fantasma do anterior. Resta saber quem serão os seus filhos”, escreve.

Depois, no post scriptum, do mesmo antigo, José Sócrates refere-se também à atuação da candidata presidencial Ana Gomes, ex-eurodeputada do PS, lamentando que a esquerda portuguesa também não resista a entrar “no jogo populista”.

“Uma das candidatas usa igualmente a cartada do combate à corrupção, sem nenhum respeito pela inocência, pela presunção de inocência, pelos direitos individuais garantidos pela Constituição ou, mais simplesmente, pela boa educação e respeito devido aos demais. Toda uma carreira política dedicada à maledicência – maldizer os adversários, os ricos, os poderosos e maldizer também os seus próprios camaradas” no PS, critica o antigo líder socialista.

Para José Sócrates, Ana Gomes segue a linha de “maldizer para agradar aos pasquins e garantir popularidade”.

“O próprio Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] tem de se defender das maldosas insinuações da candidata. No final, fica-nos a enjoativa impressão de que nada disto tem outro objetivo que não seja disfarçar um enorme vazio político”, acrescenta.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Lenbram-se daqueles comícios, tipo palestra, com ele no centro das atenções? Aí é que era divertido falar mal a torto e a direito. Em relação a Ana Gomes, vem fazer o óbvio em Socrates: achincalhar e mal-dizer de qualquer forma, porque Ana Gomes foi das poucas dentro do PS que viu toda a hipocrisia e aproveitamento deste “coiso”. Vai-te embora. Todos sabemos quem és e o que fizeste. Desaparece de vez da cena nacional!

  2. O problema é que a ideia de ter poder agrada mais àqueles que não são adequados para exercê-lo… E esse Sócrates já mostrou a todos o que vale.

  3. Mas quem da voz a este trapaceiro…
    O que se passa em Portugal????

    Meus amigos… esta gente so e so arruinou futuro de milhoes de Portugueses….

  4. “Ri-se o roto do esfarrapado” – ditado popular ( no caso, aponta o dedo acusador o impostor populista-mor a populistas iniciados).
    Noutra focagem canta a sabedoria popular assim:
    -” Se na minha porta há lama,
    na tua há um lameiro,
    Antes de falares da minha, (ou: de mim)
    Limpa a tua primeiro (ou:olha para ti primeiro).”

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