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“Situação crítica na indústria automóvel”. 364 trabalhadores despedidos da Yazaki

Despedimento coletivo afeta em grande parte os trabalhadores mais velhos (e os com menos experiência). A culpa é da crise no setor, mas também de países onde se paga menos em mão de obra.

364 trabalhadores da Yazaki Saltano, em Ovar, foram esta sexta feira despedidos.

“Este grupo ainda entrou ao serviço de manhã, mas no intervalo de almoço as trabalhadoras foram informadas de que estavam dispensadas e já não voltavam”, conta ao Expresso o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente  (SITE) do Centro-Norte, Justino Pereira.

Os mais afetados são “os trabalhadores mais velhos, com mais de 61 anos, e os que têm menos anos de casa”, conta.

Como avançou o canal Now, uma fonte da empresa revelou que a notícia era já aguardada por alguns trabalhadores (e muitos até recebiam há mais de um ano formações, por falta de trabalho).

“A indústria automóvel enfrenta atualmente desafios não só na Europa, mas também a nível global, e a transição para a mobilidade elétrica está a progredir a um ritmo mais lento do que o esperado. Como resultado, os valores de vendas de peças da Yazaki têm consistentemente registado resultados abaixo das projeções durante vários meses”, justifica a empresa.

“A Yazaki Saltano de Ovar é especialmente afetada por estes desenvolvimentos no sector, não existindo qualquer previsão de uma mudança positiva a longo prazo. Por este motivo, a empresa vê-se obrigada a adotar as medidas agora comunicadas”, escreve ainda em comunicado a multinacional japonesa de produção de sistemas elétricos e eletrónicos para carros.

O coordenador do SITE Centro-Norte, no entanto, lamenta que se tenha optado pela medida mais drástica: “se o Governo tivesse ouvido os alertas sindicais, em fevereiro, e procurado uma solução”. E sugere: “Podíamos ter tido um lay-off prolongado, por exemplo”.

O presidente da Câmara de Ovar, Domingos Silva, admite que este será um grande abalo em Ovar e no país, porque o município “perde 364 empregos na maior empresa do concelho, com 2.100 trabalhadores”.

Há países mais rentáveis para os japoneses

Mas a crise no setor automóvel não é a única razão para o despedimento coletivo. Portugal não é tão atrativo quando comparado com outros países (africanos, por exemplo).

O próprio documento a que o Expresso teve acesso em que a empresa japonesa justifica os despedimentos prende-se com a existência de fábricas noutros países mais atrativos. Até na Europa, a Roménia (onde a mão de obra é 38% mais barata) e a Bulgária, por exemplo, representam menos custos.

“Podemos afirmar que o mesmo projeto produzido no Egito representa somente 10% do custo de mão-de-obra, comparativamente com o de Portugal. Ou seja, o mesmo trabalhador apresenta um custo 9 vezes superior ao trabalhador que na fábrica da YSE (Yasaki Saltano EMEA) possa praticar funções idênticas e equivalentes”, escreve a empresa.

Marrocos também tem menos custos no que toca à mão de obra (apenas 27,57% do que ganham os portugueses), bem como a Bulgária, (44,4%) e a Tunísia (21,57%).

ZAP //

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