Sismo: resgates quase a terminar. Taxa do Twitter gera protestos

Martin Divisek/EPA

Ainda há “milagres” mas a ONU admite que a esperança de encontrar alguém com vida está perto do seu fim. Pode haver 100 mil mortos sob escombros.

O sismo na Turquia e na Síria, de 7.8 na escala de Richter, ocorreu há mais de uma semana e, por isso, a esperança em encontrar alguém com vida está próxima do final.

No entanto, continuam a acontecer “milagres”: há pessoas que continuam a ser resgatadas com vida.

Ainda nesta segunda-feira foram resgatadas três mulheres turcas (duas adultas e uma criança). Todas vivas. E há quatro pessoas que viviam numa casa e que continuam vivas, relata o jornal Público.

Mas, além do tempo que já passou, as condições não ajudam. Há toneladas de escombros, falta espaço para quem foi atingido, há frio, já caiu chuva e neve e falta, obviamente, alimentação e água para as vítimas. A taxa de sobrevivência está cada vez mais próxima do zero.

Martin Griffiths, subsecretário-geral para assuntos humanitários da Organização das Nações Unidas (ONU), admitiu nesta segunda-feira que a fase dos resgates está “a chegar ao fim”.

Quem sobreviveu, esperando ou não por notícias de familiares e amigos, tem de ser acompanhado: “O trauma das pessoas com quem falamos é visível e é um trauma que deve ser curado pelo mundo”, alertou o responsável da ONU .

A contabilidade poderá chegar a 100 mil mortos.

A Unicef, avisou esta segunda-feira que os menores de 17 anos representam mais de um terço da população afectada pelos sismos na Turquia – onde, dos cerca de 15 milhões de pessoas atingidas, 214 mil são mulheres grávidas. Na Síria, “as necessidades são imensas”.

Taxa do Twitter

O Twitter vai cobrar 100 dólares (quase 94 euros) mensais por uma ferramenta de pesquisa que os voluntários socorristas do terramoto utilizam na Turquia e na Síria. A cobrança seria para começar na segunda-feira mas foi “adiada mais alguns dias”.

A ferramenta, conhecida como API, é usada por milhares de voluntários de organizações sem fins lucrativos, e outros como investigadores, para analisar os dados do Twitter, na busca de pedidos de ajuda, inclusive de pessoas presas em prédios desabados, e ligar pessoas com organizações de resgate.

“Isso [a API] não é apenas para os esforços de resgate que, infelizmente, estamos a chegar ao fim, mas também para o planeamento logístico, já que as pessoas vão ao Twitter para transmitir as suas necessidades”, disse Sedat Kapanoglu, fundador da Eksi Sozluk, a plataforma social mais popular da Turquia, que tem aconselhado voluntários nos seus esforços de resgate.

Sedat Kapanoglu adiantou que centenas de “bons samaritanos” estão a distribuir as suas próprias chaves de acesso à ‘API premium’ pagas (o Twitter já oferecia uma versão paga com mais recursos), para uso nos esforços de resgate, mas lembrou que isso não é “sustentável ou o caminho certo”, e que pode até ser contra as regras do Twitter.

Segunda-feira era o prazo que o Twitter tinha definido para encerrar o acesso gratuito à API, um desafio adicional para os socorristas na Turquia, que, segundo a Associated Press, estão a trabalhar sem parar para aproveitar este sistema aberto e exclusivo do Twitter.

Contudo, a empresa anunciou que decidiu adiar “mais alguns dias” o início dessa cobrança de 100 dólares mensais.

Não são apenas os grupos de ajuda a desastres que estão preocupados com a nova taxa, também pesquisadores e académicos usam o Twitter para, nomeadamente, estudar a disseminação de desinformação e discurso de ódio ou pesquisar saúde pública ou como as pessoas se comportam online.

“ZAP” // Lusa

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