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Síria readmitida na Liga Árabe. Decisão “choca” deslocados da guerra civil

Kremlin / Wikipedia

Bashar al-Assad, Presidente da Síria

Após 12 anos de suspensão pela repressão nos protestos que culminaram em guerra civil, a Síria está de regresso à Liga Árabe e poderá participar na próxima cimeira de 19 de maio, na Arábia Saudita.

A decisão da readmissão foi tomada na reunião deste domingo, no Cairo, onde estiveram presentes apenas 13 ministros dos Negócios Estrangeiros de um total de 22 países membros da organização regional de estados árabes no Médio Oriente.

Um grupo de contacto ministerial composto pelo Egito, Arábia Saudita, Líbano, Jordânia, Iraque e pelo Secretário-Geral da Liga Árabe irá, segundo a EuroNews, estabelecer contactos com o governo sírio e procurar soluções “passo a passo” para a crise.

Ajudar a Síria a resolver a crescente pobreza e falta de oportunidades de trabalho, bem como as crises de refugiados e tráfico de droga consequentes da guerra civil, é prioridade.

A readmissão foi impulsionada pela Arábia Saudita, país que recentemente se aproximou do Irão – principal aliado do governo de Al-Assad – e que tem normalizado relações com os restantes países membros desde março passado.

Na semana passada, o presidente iraniano visitou Assad, ocorrência que, escreve a BBC, pode ter pressionado as nações árabes a trazer a Síria de volta à organização.

O secretário geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gueit, afirmou que o presidente sírio poderia, “se o desejar”, participar na cimeira anual da organização, prevista para 19 de maio na Arábia Saudita. Reforçou, ainda, que a readmissão não implica um reatar de relações entre estados árabes e a Síria, estando essa decisão nas mãos de cada país, escreve o BBC.

O ministro de negócios estrangeiros da Síria afirma que recebeu “com grande atenção” a decisão da Liga e apelou, ainda, à cooperação dos países árabes.

Decisão agita deslocados e potências

Rebeldes deslocados em Idlib, na Síria, afirmam estar “chocados” com a decisão.

“Em vez de nos ajudarem e nos tirarem destes campos onde sofremos e vivemos em dor, os líderes árabes branquearam as mãos dos criminosos e assassinos do nosso sangue”, disse, à AFP, um dos deslocados no norte, Abdul Salam Yousef.

A readmissão foi criticada não só pelas fações sírias rebeldes mas também pelos EUA e Reino Unido, que afirmaram que não irão restaurar relações com o governo de Assad.

De acordo com a BBC, um porta-voz do departamento do Estado norte-americano afirmou que a Síria não merece ser readmitida, mas que os EUA apoiam o objetivo a longo prazo da Liga Árabe de resolver a crise na Síria.

Lord Ahmad, ministro dos negócios estrangeiros do Reino Unido, afirma que o país continua a opor-se à readmissão do regime de Assad.

“Bashar Al-Assad continua a deter, torturar e matar sírios inocentes”, reforça o ministro britânico.

O Catar tem sido um dos maiores obstáculos ao retorno da Síria à Liga, defendendo que o regresso não deve acontecer sem uma solução política concreta para o conflito.

Relações florescem dos terramotos

A Síria estava suspensa desde 2011 pela ação de repressão nos protestos pró-democráticos contra o presidente sírio, Bashar Al-Assad, que ameaçaram derrocar o governo e desencadearam uma guerra civil ainda em curso.

Muitos países da região cortaram relações com a Síria no despoletar do conflito armado, mas muitos deles voltaram a aproximar-se de Damasco desde os terramotos que atingiram o país em fevereiro.

Mais de 300 mil civis foram mortos e mais de 100 mil desapareceram durante a guerra civil, de acordo com estimativas da ONU.

ZAP //

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