Em Singapura, quem escolheu não vacinar-se terá de pagar pelas suas despesas médicas

How Hwee Young / EPA

Governo quer eliminar as despesas resultantes dos internamentos dos não vacinados, que neste momento constituem a maioria.

Em Singapura, 85% da população elegível para se vacinar contra a covid-19 decidiu fazê-lo, ao passo que 18% já recebeu as chamadas doses de reforço. Mesmo com estes números, o governo está apostado em deixar nenhum cidadão desprotegido, pelo que recorreu a mais uma medida para tentar convencer os indecisos: aqueles que, por vontade própria, optaram por não se vacinar terão que suportar os custos das suas próprias despesas médicas.

Desta forma, o Estado fica livre de pagar praticamente as despesas relacionadas com os internamentos motivados pela SARS-CoV-2, os quais se cingem praticamente, nesta fase, aos não vacinados.

“Neste momento, as pessoas não vacinadas constituem a maioria considerável dos que precisam de tratamento em unidades de cuidados intensivos e que contribuem de forma desproporcional para a pressão nos nossos recursos de saúde”, afirmou o ministro da Saúde do país na segunda-feira. “Os doentes covid-19 que não se vacinaram ainda dependem do sistema de saúde para, em termos monetários, se tratarem quando as despesas se aplicam”, completou o ministro.

A regra agora implementada pelo Governo vai aplicar-se aos cidadãos nacionais, residentes permanentes e detentores de vistos de trabalho de longo prazo que estão infetados com covid-19, a não ser que tenham testado positivo pouco tempo antes de viajarem para o país.

“Esta medida tem como objetivo evitar acrescentar gastos económicos desnecessários num momento em que a confiança da população está em incerta. Até a situação pandémica estar mais estável, iremos continuar a cobrir as despesas médicas das pessoas vacinadas, mas também dos que não são elegíveis: crianças com 12 ou menos anos e pessoas com complicações de saúde”, explicou o governante que explicou ainda que as pessoas parcialmente vacinadas terão as suas despesas asseguradas também até 31 de dezembro.

O sistema de saúde de Singapura é considerado um dos melhores do mundo, tendo ficado em primeiro lugar num ranking elaborado pela revista académica Lancet em 2017 e que ordenou 188 – com o objetivo de contribuir para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável estabelecidas pela Organização das Nações Unidas.

Ainda assim, e tal como nota o The Washington Post, o modelo singapuriano depende em grande escala de serviços disponibilizados pelos privados, o que significa que os não vacinados, muito provavelmente, já têm cobertura nestas instituições mesmo que fiquem doentes – em comparação com os Estados Unidos da América, onde um terço dos custos relativos à saúde acontecem no privados, em Singapura acontece o oposto. No país asiático, os profissionais são também obrigados a transferir parte do seu salário para contas poupanças destinadas a despesas com saúde.

Ao abrigo destas regras, as despesas dos não vacinados ainda serão, em grande medida, “suportadas e subsidiadas” pelo Estado, afirmou Ong Ye Kung, ministro da Saúde de Singapura. “Os hospitais prefeririam não ter despesas com estes pacientes de todo, mas temos de enviar este sinal importante para apelar a que todos se vacinem caso sejam elegíveis.

Ao longo dos últimos 28 dias, Singapura registou 91 mil novas infeções de covid-19, das quais 98.7% consistiam em casos assintomáticos ou de sintomas leves, revelou o ministro da saúde. A 7 de novembro, o território contabilizava 1725 pessoas internadas como sequência da SARS-CoV-2, das quais 301 precisava de oxigénio, 62 estavam sob monitorização atenta nas unidades de cuidados intensivos e 67 estavam em estado crítico e intubadas. Tudo isto resulta numa taxa de ocupação das UCI de 68,5%.

“Apesar de este ser um cenário aceitável e com o qual os profissionais de saúde conseguem lidar, não devemos baixar a nossa guarda e devemos evitar um ressurgimento dos casos que podem novamente ameaçar invadir o nosso sistema de saúde”, afirmou o mesmo governante.

ZAP //

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