O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção afirmou esta quinta-feira que a Soares da Costa “já deve quatro milhões de euros” em salários aos trabalhadores, mas a empresa diz que o valor “é manifestamente” mais baixo.
Em conferência de imprensa, no Porto, que contou com a presença de trabalhadores da empresa que estiveram em Angola e, atualmente, estão na inatividade em Portugal, Albano Ribeiro esclareceu que “a situação é diferenciada”, referindo que “há casos de atraso de três meses, dos trabalhadores que estão em Portugal, e outros de seis meses, de trabalhadores em Angola“.
Fonte oficial da construtora disse à Lusa, por sua vez, que “o valor total em dívida é manifestamente inferior ao mencionado pelo sindicato”, mas não concretizou, e que os meses de salários em atraso divergem consoante as situações, sendo de apenas um mês para os trabalhadores em Portugal.
Já o dirigente sindical afirmou que “muitos dos trabalhadores já não têm dinheiro para comer e muitas famílias já não tem condições para pagar empréstimos, não lhes restando outra alternativa que não seja emigrar”.
Segundo Albano Ribeiro, “o sindicato tem aconselhado a suspensão dos contratos de trabalho, porque é a forma de garantir que os trabalhadores recebem uma parte do seu salário, podendo retomar o seu posto quando a empresa retomar o caminho para se afirmar no mercado”.
“É inadmissível o que a empresa está a fazer”, sublinhou, acusando a Soares da Costa de não aceitar falar com os trabalhadores, “alguns com 30 e 40 anos de casa”.
A fonte oficial da Soares da Costa afirma que a empresa tem falado com os trabalhadores, diretamente ou através da comissão que os representa. “Ainda ontem [quarta-feira] houve uma reunião com a Comissão de Trabalhadores na qual todas as questões foram debatidas e explicadas”, disse.
No caso dos salários em atraso, a mesma fonte oficial explicou que “há situações que estão a ser resolvidas devagarinho” e que, no caso de Angola, “o problema tem sido, essencialmente, devido à dificuldade em fazer a diferença de divisas, de kwanzas para euros”.
Para Albano Ribeiro, este argumento é “uma inverdade”, uma vez que “há outras empresas portuguesas a operar nas mesmas condições em Angola e que têm os salários em dia”.
“Dos trabalhadores que estão em atividade em Portugal, há um mês em atraso [de salários], o de maio, e há situações diversas consoante a geografia. Onde há mais atrasos é, então, em Angola pelas razões referidas”, concluiu fonte oficial da Soares da Costa à Lusa.
/Lusa