“Setor olivícola do Alentejo está paralisado” devido ao excesso de produção de azeitona

A Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores admite que os próximos tempos “poderão ser aterradores”, devido ao excesso de produção de azeitona.

“O setor olivícola do Alentejo está paralisado, desde a apanha de azeitona aos lagares que a transformam”, lê-se num comunicado que a Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores (Fenazeites) divulgou na passada quinta-feira.

No documento, a entidade expõe a situação que esteve prestes a acontecer na campanha de 2019/2020.

Também o administrador da Sociedade Agrícola Ouro Vegetal, Alberto Serralham, disse ao jornal Público que o cenário vivido agora “esteve prestes a acontecer em 2019, mas ao nível das instâncias do Estado, o que fizeram foi assobiar para o lado”.

O alerta de excesso de produção de azeitona tem vindo a ser dado há, pelo menos, dois anos.

Em declarações ao diário, a secretária-geral da Fenazeites, Patrícia Duarte, referiu que as três unidades de extração no distrito de Beja (duas em Ferreira do Alentejo e uma no Alvito) e uma no concelho de Monforte, em Portalegre, “têm no seu conjunto uma capacidade máxima de transformação de 600 mil toneladas e recebem 900 mil toneladas”.

Onde vamos colocar a diferença?“, questiona a responsável, acrescentado que “cerca de 300 mil toneladas de bagaço é muito bagaço”.

Com esta situação, a Fenazeites admite que “poderá ser aterra√dor o que possa vir a ocorrer na cadeia de valor oleícola”.

Uma funcionária da Cooperativa Agrícola do Alandroal, Clemência Cochicho, descreveu o cenário ao Público, afirmando que “o lagar está parado“.

“É o caos. Era bom que a ministra da Agricultura ou os Verdes e o PAN viessem ver o drama que estamos a viver”, disse.

As três grandes unidades de receção de bagaço de azeitona “têm a sua capacidade de armazenamento esgotada ou praticamente esgotada e não aceitam mais matéria-prima”. Para agravar a situação, Patrícia Duarte acrescenta que as unidades extratoras “não tiveram autorização nem para aumentar a sua capacidade, nem licenciamento para abrir novas unidades”.

A Fenazeite conclui ainda que o PDR – Programa de Desenvolvimento Rural 2020 deixou de incluir o setor olivícola de 2018 a novembro de 2021. Além disso, a transferência de verbas do 2º pilar para o 1º “demonstra a pouca preocupação da administração na urgência dos investimentos na transformação e laboração dos bagaços”.

ZAP //

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