A agência de segurança norte-americana (NSA) usa, por vezes, as informações obtidas com objectivos económicos, afirmou o antigo consultor Edward Snowden, de acordo com um excerto, difundido hoje, de uma entrevista a uma televisão alemã.
“Se existirem informações, por exemplo sobre a empresa Siemens, que sejam do interesse dos Estados Unidos, mas que nada tenham a ver com segurança nacional, a agência usará estas informações”, explicou Edward Snowden, de acordo com a tradução em alemão de um excerto difundido no jornal das 20:00 (19:00 em Lisboa) da cadeia de televisão pública ARD.
A entrevista foi conduzida por um jornalista da NDR, uma cadeia regional que pertence à rede da ARD e trabalhou longamente sobre os documentos secretos divulgados por Snowden aos jornalistas. A entrevista completa deverá ser difundida no domingo.
Realizada esta semana em Moscovo, e no maior segredo, esta é a primeira entrevista filmada do antigo consultor norte-americano desde que saiu de Hong Kong (sul da China), em junho do ano passado, para se refugiar na capital russa, onde vive actualmente.
Cerca de 30 minutos de entrevista vão ser difundidos no domingo, às 22:00h, na ARD. Alguns excertos serão divulgados num programa às 20:45, também na ARD.
No seu ‘site‘, a NDR explica que Snowden afirmou já não estar na posse de qualquer documento confidencial, uma vez que foram todos dados a jornalistas que escolheu.
O antigo consultor afirmou não querer e não poder antecipar quaisquer eventuais novas revelações no futuro.
Além do escândalo passado e das consequências, Snowden “abordou também o seu percurso pessoal de sentinela a emissor de alertas”, acrescenta a NDR.
Snowden foi acusado pela justiça dos Estados Unidos de espionagem e roubo de documentos pertencentes ao Estado, na sequência das revelações sobre a vigilância eletrónica realizada pelas autoridades norte-americanas.
As informações divulgadas sobre a espionagem de um telemóvel da chanceler alemã, Angela Merkel, pelos serviços secretos norte-americanos originaram fortes tensões diplomáticas entre Berlim e Washington.
Na quinta-feira, num debate com internautas no ‘site’ ‘freesnowden.is‘, animado por apoiantes, Snowden recusou ideia de regressar aos Estados Unidos, por considerar que não poderá ter um julgamento justo e imparcial.
Recentemente, o procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, afirmou ser contra a concessão de um indulto a Edward Snowden, mas disposto a “uma conversa”, caso o ex-consultor assumisse a responsabilidade pela fuga dos documentos.
/Lusa