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Mais ou menos trabalho? A semana de quatro dias explicada

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O projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho envolve mais ou menos horas de trabalho por dia? Há alguma consequência no salário?

O Governo apresenta na Concertação Social o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, cuja experiência deverá arrancar em junho de 2023 em empresas do setor privado, podendo mais tarde ser estendido à administração pública.

Mas, afinal, a semana de quatro dias significa mais ou menos trabalho por dia? Alguns portugueses continuam sem conhecer bem este modelo que está a ser estudado pelo Governo.

Esta semana de quatro dias irá implicar uma redução do número de horas de trabalho semanais, mas não garante uma passagem das atuais 40 para as 32 horas, explica o Correio da Manhã.

Segundo o Executivo, a experiência “não pode envolver corte salarial e tem de implicar uma redução de horas semanais”.

Uma vez que o Estado não oferece nenhuma contrapartida financeira, não será estipulado um número de horas semanais exatas, que “podem ser 32 horas, 34 horas, 36 horas, definidas por acordo entre a gestão e os trabalhadores”, mas a experiência tem de “envolver a grande maioria dos trabalhadores” da companhia, “exceto para grandes empresas, onde pode ser testado em apenas alguns estabelecimentos ou departamentos”.

A jornalista do Público Inês Chaíça falou com Pedro Gomes, coordenador da experiência-piloto do Governo, que lhe disse que a semana de quatro dias para ele não envolve corte de salário e há uma redução efetiva do número de horas semanais de trabalho.

Na prática, isto pode equivaler a não trabalhar um dia, por exemplo à segunda-feira ou à sexta-feira.

O que acontece é que o trabalhador pode ter que trabalhar meia hora ou até uma hora a mais por dia, para condensar as horas de trabalho de cinco dias em apenas quatro. A única condição do projeto-piloto é que os trabalhadores efetivamente trabalhem menos horas por semana, sem efeito no vencimento.

Patrões consideram inoportuna

No entanto, os patrões consideram que a semana de quatro dias de trabalho é inoportuna. Os representantes das áreas da indústria e do comércio defendem que o país não atravessa um momento certo para colocar em prática estas experiências.

“Depois dos efeitos da covid-19 nas empresas e nas famílias, depois dos brutais efeitos da guerra em termos de matérias-primas, cadeias de abastecimento e custos da energia, diria que o país tem outros problemas com que o Governo se deveria preocupar”, criticou António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), em declarações ao Público.

“De duas, uma: ou estão com manobras de distração para desviar a atenção de outros problemas, ou não se compreende a enorme inoportunidade que este tema agora apresenta. Desenvolvam projetos-piloto para salvar as empresas, para acautelar as famílias dos brutais aumentos. Isso, sim, são projetos-piloto meritórios”, acrescentou.

João Vieira da Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) concordou: “Neste momento, estamos mais preocupados com pôr em prática o acordo de formação, discutir as alterações ao Fundo de Compensação do Trabalho e o programa para o comércio, previstos no acordo de Concertação”.

Daniel Costa, ZAP //

4 Comments

  1. Trabalhar menos pelo mesmo dinheiro, que maravilha para as empresas. O Governo para além do confisco que é a enorme carga fiscal existente sobre os trabalhadores e empresas resolve agora “oferecer” o que não tem, o que não lhe pertence e assim, “permite” que as empresas possam ter uma semana de 4 dias, em que os seus trabalhadores trabalham menos e recebem o mesmo, lá chegará o tempo em que em vez de permitir vai obrigar.

    • Quase que aposto que o boi que preside à comichão dos 4 dias nunca fez nada de útil na vida !
      Es boi, não consegue por o estado a funcionar e pretende supervisar as empresas privadas !!!
      Ao que chega a lata destes artolas !!!!

  2. As empresas ficam a ganhar com menos horas, mas com mais e melhor Profissionalismo e responsabilidade, nota-se no atendimento ao público uma grande falta de conhecimento e profissionalismo, desde que o pessoal nacional foi preterido.

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