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Seguro não garante que possa baixar impostos

António José Seguro / Flickr

O secretário-geral do PS, António José Seguro

O secretário-geral do PS, António José Seguro

António José Seguro garante que não vai aumentar os impostos caso seja eleito Primeiro-ministro – mas não promete que possa baixar a carga fiscal. O secretário-geral do Partido Socialista afirma ainda que prefere uma coligação a governar sem maioria absoluta.

Em entrevista ao Diário Económico, Seguro afirma que não vai aumentar a carga fiscal. “Não vou aumentar nem o IRS, nem o IVA e o IRC será mantido na próxima legislatura de acordo com a reforma que foi feita”, assegura. “Aumento dos principais impostos, não. Mas também não estou em condições, neste momento, de garantir que os poderei baixar.”

O líder do PS considera que pode vir a fazer ajustes no IVA de forma a tornar o imposto mais justo e coerente, mas se compromete a baixar os impostos. “Não faço promessas dessas. Prefiro jogar pelo seguro.” E promete que vai trabalhar “para recuperar o rendimento dos portugueses”.

Coligação é melhor do que Governo minoritário

O líder do Partido Socialista refere ao Económico que não quer um Governo minoritário, preferindo uma coligação caso não atinja a maioria absoluta.

“Os portugueses merecem total clareza: não liderarei um Governo minoritário. O país não aguenta instabilidade política. No entanto, a responsabilidade do líder do partido mais votado é procurar no Parlamento as condições para obter uma coligação de Governo”, afirma.

Mas nem todos são possíveis aliados: “partidos que queiram desmantelar o Estado social, prosseguir planos de privatização da RTP, da Caixa Geral de Depósitos, das Águas de Portugal” ficam de fora das opções de Seguro. “A saída do euro também não fará parte desse programa. Portanto, se houver partidos que exijam qualquer uma destas coisas, então não farei coligação com eles“, declara.

Eventualmente, os acordos poderão realizar-se por áreas setoriais, aliando com uns partidos numas e com outros partidos noutros setores. No entanto, o secretário-geral do PS afirma não ser este o momento para discutir alianças políticas, quando ainda não se conhecem as propostas de todos os adversários.

Na sequência das declarações de Pedro Passos Coelho durante a festa do Pontal, no sentido de uma proposta comum sobre a reforma da Segurança Social, Seguro afirma que não aceita discutir com o Governo assuntos que deveriam ter sido discutidos há três anos. “Os compromissos ou as grandes coligações fazem-se no início das legislaturas. Não é a meio e muito menos no final.”

Relançar a economia, mas com tempo

António José Seguro garante ao Económico que tem uma estratégia para mobilizar o país e relançar a economia, mas garante que não há soluções mágicas para resolver o problema das contas públicas. “Se querem um mágico, saio já de cena”.

“Só um doido varrido ou um irresponsável é que pode dizer que resolve os problemas todos do país num ano, em dois, três ou numa legislatura”, provoca o líder socialista.

A despesa e a receita têm de ser equilibradas, mas de forma estável, ao contrário do que acontece com este Governo que, de cada vez que baixa a despesa, afeta a economia e provoca uma descida também nas receitas. Atingir esse equilíbrio passaria, por exemplo, por aumentar a produção nacional e diminuir as importações.

Com os 20 mil milhões de euros que vão chegar dos fundos comunitários, Seguro afirma que é possível criar um banco de fomento, à semelhança do que a França fez depois da I Guerra Mundial e a Alemanha depois da II Guerra Mundial. Para o socialista, outra opção é “transformar a subsidiação a fundo perdido em empréstimos a taxas de juro baixas para projetos com uma mais-valia pública e de interesse geral.”

Seguro recorda ainda o plano de reindustrialização que apresentou em maio, com três eixos: “um para os sectores tradicionais (calçado, têxtil, moldes, mobiliário); outro associado aos produtos endógenos (como o turismo ou agricultura); e um terceiro mais inovador que tem a ver com a revolução industrial da era digital 4.0, onde alemães, americanos e japoneses já têm estratégias bem vincadas, mas onde temos vantagem competitiva”.

ZAP

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