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Segunda baixa no Governo brasileiro. Ministro da Defesa sai e Bolsonaro altera titulares de seis pastas num só dia

O Ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, anunciou esta segunda-feira que deixará o cargo governamental, segundo fontes oficiais, naquela que é a segunda baixa no executivo de Jair Bolsonaro nas últimas 24 horas.

A informação foi confirmada à agência Lusa pela assessoria de comunicação do Ministério da Defesa.

“Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país, como ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”, disse Fernando Azevedo e Silva em comunicado.

“O meu reconhecimento e gratidão aos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respetivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida“, concluiu o ministro, sem explicar os motivos que o levaram a deixar o executivo.

O anúncio surge apenas algumas horas após o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, ter pedido demissão após uma forte pressão de políticos ligados ao Presidente do país, Jair Bolsonaro, que o acusam de obstruir o acesso às vacinas contra a covid-19, divulgou a imprensa.

Bolsonaro iniciou esta segunda-feira uma reforma Ministerial ao alterar a titularidade das pastas da Justiça, Casa Civil, da Defesa, Relações Exteriores, da Secretaria de Governo e da Advocacia-Geral da União. As alterações foram confirmadas num comunicado emitido pela Secretaria Especial de Comunicação Social, vinculada ao Ministério das Comunicações do Brasil.

Para a Casa Civil da Presidência da República, Bolsonaro nomeou Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo. O Ministério da Justiça passará a ser liderado pelo delegado da Polícia Federal Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

Para o Ministério da Defesa seguirá o general Walter Souza Braga Netto, atual chefe da Casa Civil e para a Secretaria de Governo da Presidência da República irá a deputada federal Flávia Arruda, do Partido Liberal (PL), vinculado ao “Centrão” [bloco informal que reúne parlamentares de partidos de centro e centro-direita], que sustenta a base aliada do chefe de Estado no Congresso.

O ministro das Relações Exteriores será o embaixador Carlos Alberto Franco França, diplomata de carreira que estava na assessoria especial da Presidência da República, em substituição de Ernesto Araújo.

Por fim, a chefia da Advocacia-Geral da União (AGU), órgão que defende o Executivo em processos judiciais, passará para André Mendonça, que já liderou o órgão no início do Governo e está atualmente no Ministério da Justiça.

As nomeações em causa serão publicadas em Diário Oficial da União.

Um dos nomes mais esperados era do novo ministro das Relações Exteriores. É sob a alçada do Ministério das Relações Exteriores que tramitam as negociações para a ratificação do acordo entre União Europeia (UE) e o bloco sul-americano Mercosul, o que deverá implicar a redação de uma side letter [carta lateral], com compromissos de sustentabilidade por parte do Brasil.

Questionado sobre um eventual impacto nas negociações após esta alteração no Ministério, o embaixador de Portugal em Brasília, Luís Faro Ramos, disse à Lusa que espera “continuidade”.

“O que me parece é que este Governo é muito aberto a considerar os tais assuntos para a side letter e esperamos que o próximo ministro das Relações Exteriores prossiga essa linha de abertura”, disse o diplomata português.

ZAP // Lusa

 

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