43 mil num ano: secretária de Estado não declarou tudo. E ministra saberia do caso

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Miguel Figueiredo Lopes / Presidência da República

A secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves Pereira.

Secretária de Estado durante um dia recebeu numa conta mais 43 mil euros do que declarou. Ministra da Agricultura já sabia do caso do marido.

Carla Alves vai deixar de ser secretária de Estado da Agricultura. Apresentou a demissão no dia seguinte a ter sido nomeada para o cargo.

A futura ex-secretária de Estado entendeu que não tinha “condições políticas e pessoais” para desempenhar as suas funções.

O pedido de demissão surgiu horas depois de ter sido noticiado que Carla Alves tem contas arrestadas, na sequência de uma investigação que envolve o seu marido.

O caso começou em 2014 quando o seu marido, Américo Pereira, era presidente da Câmara Municipal de Vinhais. É acusado de corrupção activa, prevaricação e participação económica em negócio – de compra e venda de prédios e nas conversões de terrenos em habitação.

Carla Alves surge no processo por estar casada com o acusado. Tem comunhão de bens. Não foi acusada mas tem contas bancárias por onde terão passado fundos para o marido, explica o jornal Observador.

A ministra da Agricultura já sabia deste processo ainda antes de Carla Alves tomar posse, informa o jornal Público. Maria do Céu Antunes foi informada pela própria secretária de Estado mas a nomeação manteve-se.

Já em reacção a esta notícia, o Ministério da Agricultura e da Alimentação informou em comunicado que “a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, não tinha conhecimento de qualquer envolvimento de Carla Alves em processos judiciais” – mas o Jornal de Notícias reforça: a ministra sabia deste processo judicial e outros elementos do seu ministério também sabiam.

António Costa assegurou nesta quinta-feira, em conversa directa com Catarina Martins, que não iria “demitir uma mulher porque o marido foi acusado”.

No entanto, minutos depois do final desse debate na Assembleia da República, Carla Alves anunciou que vai sair por iniciativa própria.

No mesmo debate, o primeiro-ministro contou a André Ventura que recebeu, da própria secretária de Estado, a garantia de que todos os rendimentos na sua conta bancária foram declarados às Finanças. “Tudo que ganhou, declarou. É o que a senhora (Carla Alves) me diz”.

Mas o Público avançou, horas depois, que a secretária de Estado declarou 70 mil euros em 2015 – mas recebeu 113 mil euros nessa sua conta na Caixa de Crédito Agrícola Mútuo. Ou seja, não declarou 43 mil euros nesse ano. A informação estará na acusação do Ministério Público deduziu.

De volta ao debate com Ventura, António Costa assegurou: “Perguntou-me se, em abstracto, um membro do Governo tiver rendimentos não declarados, deve manter-se no Governo? A minha resposta é: não. Obviamente, não”.

Obviamente, Carla Alves demitiu-se.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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4 Comments

    • Votem em branco! O voto em branco não deixa qualquer margem para dúvidas. O eleitor não se reviu em ninguém. Não há outra leitura possível.
      No caso da abstenção a leitura pode ser muito diferente. Ia votar mas teve um furo ou um acidente pelo caminho. Estava doente…. e por aí fora.
      Se todos votarmos em branco então a democracia fica encostada às cordas.

  1. As democracias estão em risco, o povo é juiz, a comunicação social dita a justiça do povo. É preciso parar e pensarmos antes de abrir a boca, e quando abrimos, saber o que se diz: vivemos o momento em que a justiça popular sobrepõe a justiça de alguém que estudou e se doutorou para o efeito. Quando povo acusa os bons políticos e os faz cair, quem perde somos todos nós. Os velhos que levem o que é deles, mas que se retirem da política, São os novos que têm o poder de inovar, os novos com vícios velhos que se vão embora também. Em democracia nem tudo é válido, é preciso respeitar a calçada, alguém pagou aquele trabalho, fomos todos nós. Sim, Portugal precisa de impor REGRAS

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