Cientistas sugeriram que os anéis de Saturno não se formaram ao mesmo tempo que o planeta e são mais jovens, partindo de novas medições do campo gravitacional do planeta.
As novas medições do campo gravitacional de Saturno foram obtidas com base nas observações da sonda Cassini durante as órbitas finais pelo planeta, em 2017, e permitiram aos investigadores determinar a massa e a idade dos seus anéis, refere um comunicado da American Association for the Advancement of Science, associação que edita a revista científica Science, onde os resultados do trabalho são publicados.
Segundo os autores do estudo, Saturno formou-se há 4,5 mil milhões de anos, enquanto os seus anéis têm entre dez e 100 milhões de anos. Os dados não esclarecem, porém, como os anéis se formaram tão recentemente.
Os astrónomos ainda discutem a origem dos anéis. Alguns acreditam que tenham sido formados por fragmentos de um antigo protoplaneta no início do Sistema Solar, enquanto outros consideram-nos produto de cataclismos recentes.
As descobertas fizeram com que astrónomos passassem a pensar na altura em que os anéis surgiram. Para obter a resposta exata sobre o surgimento dos anéis são necessários dois parâmetros, de acordo com Burkhard Militzer, professor de ciências terrestres e planetárias da Universidade da Califórnia: a massa das partículas de poeira e gelo dos anéis e quão bem os anéis refletem a luz do Sol.
Os anéis de Saturno e de outros planetas gigantes devem gradualmente desaparecer, porque as camadas de gelo perderão partículas de poeira e matéria orgânica devido aos raios ultravioleta do Sol, e, sendo assim, quanto mais brilhantes são os anéis, menos anos de vida terão.
A velocidade das nuvens, por sua vez, depende da massa, da espessura e da composição. Sendo assim, quanto mais matéria escondida dentro das nuvens, mais lento será o processo de “enegrecimento” dessas estruturas.
A sonda Cassini mediu o brilho dos anéis de Saturno nos primeiros anos do seu trabalho. Mas a informação sobre a massa exata era inacessível até ao mergulho da sonda – cuja primeira oportunidade surgiu em 2017, quando a sonda começou a fazer “mergulhos” pelos anéis, preparando-se para a “morte heróica” na atmosfera de Saturno.
“A primeira vez que vi nos dados, não acreditei, porque confiava nos nossos modelos e demorou um tempo para cair a ficha que havia algum efeito que estava a mudar o campo gravitacional que não tínhamos considerado”, disse Militzer.
“Trata-se de fluxos massivos na atmosfera a uns nove mil quilómetros de profundidade ao redor da região equatorial. Pensávamos que estas nuvens eram como as nuvens da Terra, que estão confinadas a uma fina camada e quase não têm massa. Mas, em Saturno, são realmente massivas“, destacou.
Quando a anomalia foi estudada, descobriu-se que a massa dos anéis era inesperadamente pequena. Sendo assim, Saturno tornou-se “senhor dos anéis” há pouco tempo em escala astronómica: aproximadamente 100 milhões de anos. Os anéis podem ser resultado da união de partículas de uma pequena lua ou de um grande cometa, baseando-se nas partículas capturadas pela Cassini durante o seu mergulho.
Há um mês, um outro estudo, divulgado pela agência espacial norte-americana NASA, estimou, com base em dados da mesma sonda, que os anéis de Saturno podem desaparecer no prazo de 100 milhões de anos.
De acordo com o estudo, a gravidade de Saturno está a empurrar os anéis – constituídos essencialmente por gelo – para a camada superior da atmosfera do planeta. Essa investigação também apoiava o cenário de que os anéis não teriam mais do que 100 milhões de anos.
Os anéis de Saturno foram descobertos por Galileu Galilei em 1610, que os considerava três grandes satélites. Em meados do século XVII, Christian Huygens descobriu que os “satélites” de Galileu eram, de facto, anéis de poeira e gelo.