Marcelo Rebelo de Sousa acredita que a tensão entre Augusto Santos Silva e a bancada do Chega não passa de uma antecipação do confronto que os dois terão na corrida a Belém a 2026.
Já desde o início da nova legislatura que se tem notado um clima de tensão entre Augusto Santos Silva, que é agora Presidente da Assembleia da República, e André Ventura, o líder do Chega.
Esta tensão atingiu um novo pico numa recente sessão parlamentar, quando os deputados do Chega abandonaram o plenário depois Ventura ter sido repreendido por Santos Silva por ter chamado “subsidiodependentes” aos imigrantes. A bancada do partido acusa o Presidente da Assembleia de não ser isento e de “implicar” com o Chega, tendo anunciado que vai avançar com uma moção de censura.
Os dois protagonistas desta disputa também se encontraram com Marcelo Rebelo de Sousa e, segundo escreve o Observador, o Presidente da República vê neste confronto apenas uma antecipação de um outro embate futuro entre Santos Silva e Ventura — o da sua própria sucessão.
De acordo com uma fonte da Presidência, Marcelo acredita que Ventura tem o objectivo de “polarizar com o PS já com vista ao jogo das presidenciais“. Mas não foi só o líder do Chega a perceber o que tem a ganhar com o choque com Santos Silva, já que o Presidente da Assembleia também a vê como um trunfo na corrida a Belém: “A vantagem é recíproca e é boa para os dois”.
Santos Silva já deixou várias vezes no ar a possibilidade de se candidatar à Presidência em 2026 e já desde Fevereiro que é dado como quase certo que o Ex-MInistro dos Negócios Estrangeiros seja o candidato do PS. A aposta em Santos Silva para a Presidência da AR terá servido também para reforçar o seu currículo e perfil já com Belém na mira.
Recorde-se que já desde 2011 que o PS não apresenta um candidato próprio nas presidenciais, na altura com a candidatura de Manuel Alegre. Em 2016, grande parte da família socialista estava com Sampaio da Nóvoa e a socialista Maria de Belém também estava na corrida, mas Costa decidiu não patrocinar nenhum candidato.
O cenário repetiu-se em 2021, com o PS a não apoiar oficialmente a candidatura de Ana Gomes. A aposta em Santos Silva para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa pode quebrar este jejum socialista em 2026.
Após a audiência com André Ventura, Marcelo fez também algo que não é normal, tendo saído pela Sala das Bicas, onde já sabe que está a comunicação social. O Presidente da República disse apenas que não se pronuncia “sobre problemas internos da Assembleia da República”.
A fonte de Belém esclarece ainda que Marcelo Rebelo de Sousa não estava a alfinetar o Chega quando se pronunciou sobre o caso de racismo dos filhos dos actores brasileiros Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso e que esta é a sua “posição de princípio” do Presidente da República.
À saída do encontro com Marcelo, Ventura disse que pediu a a intervenção do Presidente para acalmar os ânimos no Parlamento. “Disse ao Presidente da República que, ao não exercer nenhuma influência sobre o Presidente da Assembleia da República, a possibilidade de um escalar de conflito físico, verbal e político é real. Ninguém quer ver deputados quase à batatada no hemiciclo“, afirmou.
Mas Marcelo não se quer meter na disputa. De acordo com o Observador, a tensão com o Chega passou ao lado do encontro com Santos Silva em Belém.
No Chega, a disputa é vista com bons olhos. “Neste caso, o Chega ganhou. Não é uma estratégia nossa, mas tivemos de reagir. Não estamos a montar um jogo, mas era impensável não responder a isto. Santos Silva é que nos pôs nesta situação”, respondeu um dirigente do partido.
Já entre socialistas, há dúvidas sobre a conduta de Santos Silva, devido aos receios de que os confrontos constantes do Parlamento possam desgastar a imagem do Presidente da Assembleia na antecipação das presidenciais.
O Parlamento é o espaço de confrontação dos vários projetos políticos. Não é o espaço de reprimendas ou de ares de superiodade moral do seu presidente. Este Santos Silva teve sempre um ar gozão, de superioridade, onde quer que esteve. Agora foi incumbido de chatear/chicotear o Chega ou, mais propriamente o seu leader. Esta missão será, para si, espinhosa e desproveitosa e originará conflitualidade que acabará por redundar em em proveito do Chega.
Quando temos um individuo que “gosta de malhar na direita” como presidente da assembleia da republica a qualidade como mediador só pode ser medíocre. Está em perfeita consonância com a qualidade dos políticos portugueses.
Augusto Santos Silva não passa de um agente de influência dos Estados Unidos e não tem portanto condições para ser Presidente da República. Espero bem que haja alguém decente nas próximas eleições presidenciais para que possamos votar em consciência.