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Salvador “jogou sujo”. Não se admite, dizem os espanhóis

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Sergey Dolzhenko / EPA

Salvador Sobral com a irmã Luísa Sobral, autora da música que venceu o Festival da Eurovisão 2017

Salvador Sobral com a irmã Luísa Sobral, autora da música que venceu o Festival da Eurovisão 2017

“Desde o início que o plano de Portugal era jogar sujo”. É o que diz um cronista espanhol sobre a vitória de Portugal no Festival da Eurovisão. Mas não se trata de uma crítica – pelo contrário, é um tremendo elogio de nuestros hermanos, que estão entre os europeus que mais se renderam a Salvador Sobral.

O texto de Manuel de Lorenzo publicado pelo jornal El Español aborda com ironia o fracasso do concorrente de Espanha no Festival da Eurovisão, Manel Navarro, último com apenas 5 pontos – que lhe foram atribuídos pelo público português – e considera que”Amar pelos dois”, de Salvador Sobral, “salta as regras” da má qualidade que tem sido habitual no concurso.

“Desde o início que o plano de Portugal era jogar sujo”, escreve o cronista, frisando que a RTP levou a concurso uma “canção bem escrita, de harmonias sedosas, uma melodia delicada e versos inspirados”, logo fugindo à tradição festivaleira dos últimos anos.

“Se participas na Eurovisão, participas com todas as consequências. Levar o festival a sério e ganhar é uma infâmia”, aponta Manuel de Lorenzo, sublinhando que a música de Salvador Sobral e da irmã Luísa Sobral não é um “vulgar e antiquado karaoke”.

“A lição de Salvador Sobral”

Também a escritora e jornalista espanhola Elvira Lindo elogia a canção “Amar pelos dois”, notando num artigo no El País que é “um hino de amor à música” e que a “mágica história” de Salvador Sobral “é uma chamada de atenção: o povo não tem que estar condenado ao vulgar”.

No El País, o cronista Fernando Navarro fala ainda da “lição de Salvador Sobral no disparate da Eurovisão”, realçando que “o português conseguiu que triunfasse a música sobre o espectáculo televisivo”.

“Com o seu estilo desalinhado e o seu fato acima do tamanho, Salvador Sobral era visto, por muitos, como um erro que não encaixava na parafernália televisiva da Eurovisão”, escreve Navarro, frisando que “na festa do extravagante, da purpurina e do pop vácuo, o bicho raro era ele”.

Mas “nenhum erro valeu tanto a pena”, conclui o cronista espanhol, salientando que “oxalá” que a vitória de Portugal “seja um ponto de inflexão e não uma mera anedota para o futuro” da Eurovisão.

Por outro lado, Navarro nota que Espanha é “o exemplo contrário a Portugal” com “o intranscendente Manel Navarro” e o seu “pop pegajoso”, “cantado sem tom, nem som, em inglês e em espanhol”. “É como dizer que o burrito de paella que já se vende em qualquer lugar do planeta é típica comida espanhola”, atira o cronista que ouve a identidade portuguesa, e nomeadamente os sons do fado, na música de Salvador Sobral.

De resto, muitos espanhóis ficaram encantados com “Amar pelos dois”, como revela o resultado do televoto de Espanha que deu os 12 pontos a Portugal e muitas manifestações de elogio pelas redes sociais.

Entre os espanhóis famosos que aplaudiram o tema português está Sara Carbonero, mulher do guarda-redes portista Iker Casillas, que partilhou no seu perfil do Instagram as palavras proferidas por Salvador Sobral, na altura da vitória na Eurovisão.

“A música não é fogo de artíficio”, mas “sentimento”, nota Sara Carbonero, que também felicitou Portugal porque “ganhou a música e a simplicidade”.

Sara Carbonero elogia Salvador Sobral
E também o ex-concorrente espanhol da Eurovisão Daniel Diges, que representou o país em 2010, deu os parabéns a Portugal e a Salvador Sobral com a sua própria versão de “Amar pelos dois”.

SV, ZAP //

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19 Comments

  1. Acho piada ao titulo sensacionalista do ZAP, para gerar emoções logo na leitura do titulo!
    Em vez de: “Salvador “jogou sujo”. Não se admite, dizem os espanhóis”
    Deviam ter escrito: “Salvador “jogou sujo”. Não se admite, dizem os espanhóis, ironizando”
    O objetivo de um meio de comunicação é informar de forma transparente e não jogar com a interpretação de uma frase para enganar quem lê!
    Os leitores não gostam de ser manipulados! Atenção!
    A noticia espanhola jogava com a ironia do inicio ao fim, compreende-se, agora vocês estão a dar uma noticia de uma noticia, deixa de haver desculpa para a manipulação que tentaram fazer.
    Não vos fica bem!

  2. Atenção ao título das vossas notícias. Não é a primeira vez que o fazem. Escrevem uma coisa que significa outra. Jornalismo não isto!

    • Caro amigo. Isto das notícias convém ler tudo ou o senhor é daqueles que fica geralmente pelo título? Ler faz bem. Leia mais!

      • Por ter lido tudo, é que escrevi o que leu. O título de qualquer notícia tem de corresponder EXACTAMENTE ao conteúdo da mesma. Não tem de servir de chamariz nem de manipulação. Jornalismo a sério é uma coisa, sensacionalismo barato é outra. Quanto a ler, não se preocupe: sou do tempo em que se liam LIVROS.

  3. Concordo com a observação de Rui Esteves. Infelizmente e em assuntos muito mais graves os Jornais colocam títulos que são apenas para induzir em erro quem lê apenas os títulos e não os textos das notícias. Outras vezes é o próprio lead que é enganoso. Realmente tudo serve para vender e o pior para enganar os menos atentos.

  4. Acho que o ZAP devia deixar de dar troco a certo tipo de comentários.
    Uma das coisas que mais me agrada neste espaço é que não nos nivelam por baixo, não substimam a nossa inteligência, não nos tratam como atrasados mentais. Esta notícia é inspiradora, tem piada, está bem escrita e completa, e deixa-nos bem dispostos.
    A boa disposição passa-nos quando tropeçamos em meia dúzia de infelizes pseudo-indignados que não sabem mais do que destilar a sua bílis a pretexto de um purismo balofo que acerta ao lado, que o assunto não justifica, e que a notícia nem merecia.
    Não me revejo nessa gente, revejo-me nos certamente muitos que leram a notícia, e, tendo ou não percebido a ironia do título, daqui saíram bem informados e bem dispostos.
    Portanto, obrigado ZAP. E não se esqueçam: não se dá de comer aos trolls, coisa que vocês têm o escusado hábito de fazer.

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