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Desde 2000 que Salgado ordenava falsificação de contas

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Mário Cruz / Lusa

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

A acusação do Banco de Portugal a 15 gestores do BES imputa a Ricardo Salgado a manipulação das contas da empresa a partir de 2008, mas as informações do contabilista suíço Pierre André Butty, testemunha no processo, apontam para ilegalidades desde 2000.

O Sol teve acesso à acusação do Banco de Portugal e descreve, na edição desta semana, que Ricardo Salgado dava orientações ao funcionário da sucursal suíça da Espírito Santo Services (ES Services) para que as contas fossem falsificadas, até que o contabilista recusou continuar a “falsear os registos contabilísticos da ESI com base em meras instruções orais” e pediu a Salgado ordens escritas com efeitos retroativos a 2000.

De acordo com o semanário, o contabilista já esteve em Portugal a prestar declarações e a entregar documentos ao Banco de Portugal.

Pierre Butty era um dos cinco funcionários da ES Services em Lausanne que, de acordo com a acusação do Banco de Portugal, durante vários anos entregava em janeiro a Francisco Machado da Cruz, o responsável de contas da ESI, as contas verdadeiras do ano anterior e recebia de volta, em março, notas de Ricardo Salgado sobre o que deveria ser mudado na contabilidade da empresa.

Em novembro de 2013, quando o Banco de Portugal começou a pedir informações sobre a ESI, o contabilista recusou continuar a “falsear os registos contabilísticos da ESI com base em meras instruções orais” e pediu a Salgado instruções escritas com essas ordens, uma informação que já tinha sido avançada pelo Jornal de Negócios no final de maio.

O documento, assinado por Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo, reconhecia que os trabalhadores da ES Services obedeceram a ordens, “nunca tendo comprometido aquela sociedade, por ação ou omissão, para além das instruções recebidas e das disposições do contrato”.

No entanto, o Sol revela que o funcionário exigiu que o documento tivesse efeitos retroativos, ou seja, referindo que as ordens do então presidente do BES para falsificar as contas eram dadas desde o ano 2000.

De acordo com o semanário, a acusação demonstra que em 2011 Ricardo Salgado pediu alteração nas contas da ESI que permitissem gerar resultados necessários para atribuir dividendos extraordinários à família em cerca de 18 milhões. Em dezembro de 2013, a ESI tinha uma dívida de 1.300 milhões e capitais próprios negativos de mais de três mil milhões de euros.

Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo são acusados de gestão ruinosa, prestação de falsas informações ao supervisor e de violarem as regras sobre conflito de interesses. Ricardo Abecassis e Manuel Fernando enfrentam uma acusação por atos dolosos de gestão ruinosa por terem permitido comercialização de dívida de uma empresa falida, explica o semanário. Ricciardi é acusado de ter permitido que não existisse qualquer sistema de controlo interno ou avaliação no BES.

O Sol confirmou que, apesar de tudo, Ricardo Salgado ainda não é arguido nos processos-crime.

ZAP

3 Comments

  1. kein. kein. kein
    Em 1994 fechei a única conta que lá tinha quando quiseram obrigar-me a ficar com um c.crédito que não tinha pedido!
    Na altura não faltou muito para saltar o balcão adentro.
    BES – a falcatrua que vem de longe.
    kein, kein, kein

  2. Em Abril um gestor do “Novo Banco” telefonou me no dia do meu aniversario para me dar os parabéns , no tenho conta no banco BES (Novo Banco) desde 2000…. Devem estar com dificuldades em conseguir novos clientes LOL

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