Salgado suspeito de ter corrompido ex-banqueiro brasileiro em mais um caso do universo BES

Nisopedia / Wikimedia

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

Salgado terá pago, através da Espírito Santo Enterprises, quase 2 milhões de euros a um banqueiro no Brasil, que em troca terá usado a sua influência para garantir uma linha de crédito para o BES.

Depois de já ter sido acusado pelo Ministério Público na Operação Marquês de ter corrompido Sócrates, Granadeiro e Zeinal Bava e de também ter alegadamente subornado os funcionários do Banco Espírito Santo, o nome de Ricardo Salgado está agora a ser mencionado por suspeitas de ter corrompido um ex-vice-presidente do Banco do Brasil.

Segundo o Observador, estão em causa pagamentos da sociedade offshore Espírito  Santo Enterprises, conhecida como saco azul do GES, a Allan Simões Toledo, um ex-banqueiro com ligações ao Partido dos Trabalhadores no Brasil. Estão em causa também crimes de branqueamento de capitais.

Simões Toledo terá recebido perto de 2 milhões de euros para usar a sua influência para que fosse aprovada uma linha de crédito de 176,1 milhões de euros para o BES.

O crédito foi dado em 2011, quando Salgado já estaria a par da fragilidade financeira do BES — que alegadamente foi escondida por Francisco Machado da Cruz, suspeito de ter falsificado a contabilidade da Espírito Santo International. A acusação a sete arguidos singulares foi confirmada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal na quarta-feira.

Além de Salgado, os arguidos incluem João Alexandre Silva (ex-diretor do BES Madeira), Paulo Murta (ex-funcionário da Gestar), Paulo Nacif Jorge, Humberto Coelho (ex-funcionários do GES), Miguel Caetano de Freitas (advogado, que é também referido nos Panamá Papers) e a sua mulher Sofia Ribeiro (mulher de Miguel Caetano Freitas). O escritório de advogados Caetano de Freitas Associados também foi acusado enquanto pessoa coletiva.

Simões Toledo era diretor comercial do Banco do Brasil (BB) quando Lula da Silva, altura ainda Presidente do Brasil, apontou Aldemir Bendine para presidir a instituição financeira de capitais públicos.

Um dia depois, a 23 de abril de 2009, Toledo foi nomeado vice-presidente, ficando com as pastas do Mercado Inter-Bancário, Negócios Internacionais e Private Banking. Tinha 41 anos, sendo o administrador mais novo, juntamente com Ricardo António Oliveira.

Allen Simões Toledo não foi acusado de corrupção passiva porque é um cidadão brasileiro suspeito de crimes praticados no Brasil, estando fora da jurisdição do Ministério Público de Portugal. O DCIAP ordenou a extração de uma certidão da acusação para enviar para o Ministério Público Federal, de forma a que a justiça brasileira trate do caso.

Os crimes em causa terão ocorrido entre 2011/2012 e prolongaram-se até 2014. As vantagens decorrentes da prática dos crimes investigados totalizaram, segundo o Ministério Público, mais de 12 milhões de euros.

Adriana Peixoto, ZAP //

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