Salários mais altos, casas pagas e internato partilhado. Eis os incentivos para os médicos no interior

Rodrigo Antunes / Lusa

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro

Manuel Pizarro garantiu que “se não se fizer nada entretanto”, algumas especialidades vão desaparecer” no interior do país. 

O Governo vai avançar com uma série se incentivos para fixar médicos especialistas no interior do país e noutras áreas consideradas menos atrativas. De acordo com o anunciado pelo Ministério da Saúde, a partir de 2024, os médicos que iniciem a sua formação na especialidade nestas zonas do território nacional passarão por um hospital mais diferenciado, para além do hospital de destino, nomeadamente no litoral. Para além destas medidas, Manuel Pizarro fez ainda saber que os clínicos terão salários majorados e casa gratuita.

A primeira medida está a ser desenvolvida em cooperação com a Ordem dos Médicos e, tal como exemplifica o Público, vai permitir que um médico inicie a sua formação no hospital de Santo António, no Porto, e a complete no hospital de Bragança. Esta solução, defende Pizarro, será capaz de “resolver o problema” da falta de especialistas “no médio prazo“. “Uma parte destes médicos vai-se fixar, não tenho dúvida nenhuma”, esclareceu.

O objetivo, como em tantas medidas anteriores, é fazer com que os jovens optem pelos hospitais do interior logo no período de formação na especialidade, ou seja, numa fase em que ainda não construíram família ou compraram casa — sendo esta uma forma de os convencer a permanecer no território quando terminarem o percurso académico.

As autarquias serão parceiras do Governo no projeto, já que terão a responsabilidade de criar condições de habitação “que minorem a despesa excessiva de quem tem de trabalhar em dois sítios diferentes”. Serão abrangidas no programa “Mais médicos” as unidades locais de saúde do Nordeste, a da Guarda, a de Castelo Branco, a do Norte Alentejano (Portalegre), a do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém), a do Baixo Alentejo (Beja) e o Centro Hospitalar da Cova da Beira (Covilhã).

Em declarações aos jornalistas, o Ministro da Saúde explicou ainda que será dada prioridade às especialidades que apresentam maiores carências, como é o caso de medicina interna, cirurgia geral, ortopedia, anestesiologia, ginecologia/obstetrícia, pediatria, radiologia e, eventualmente, psiquiatria, pedopsiquiatria e psiquiatria da adolescência.

Manuel Pizarro perspetiva que as medidas venham a “produzir resultados numa década“, garantindo que “se não se fizer nada entretanto, estas especialidades vão desaparecer” nestas zonas do país.

ZAP //

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