O número de mortos durante a maior peregrinação muçulmana – o Hajj – subiu para mais de 900, principalmente devido ao intenso calor que se faz sentir em Meca. Há ainda 1.400 desaparecidos.
O calor extremo já matou quase 1000 pessoas, durante a peregrinação a Meca (Haji), a cidade mais sagrada do Islão, na Arábia Saudita.
De acordo com a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), o número pode, no entanto, ultrapassar largamente o milhar, já que há 1.400 peregrinos desaparecidos que podem ter morrido de calor.
O número de morte registadas este ano está já muito acima das 240 mortes registadas no ano passado.
A maioria dos peregrinos que morreram durante a peregrinação a Meca, no oeste da Arábia Saudita, eram egípcios, de acordo com um diplomata árabe citado pela AFP, que assegurou que “todas as mortes devem-se ao calor” na região, onde as temperaturas atingiram esta quarta-feira os 51,8ºC.
Os funcionários egípcios na Arábia Saudita “foram informados até agora de 1.400 casos de peregrinos desaparecidos“, já contando com o número de mortos, acrescentou o diplomata árabe.
Alterações climáticas entraram no Haji
As datas do Hajj anual (peregrinação anual) são determinadas de acordo com o calendário muçulmano, que se baseia em ciclos lunares, e os rituais têm-se realizado sob temperaturas escaldantes nos últimos anos, fruto das alterações climáticas.
Em maio, um estudo publicado pela Arábia Saudita alertou que as temperaturas nos locais onde se realizam os rituais aumentam 0,4ºC de dez em dez anos, o que é agravado pelo facto de dezenas de milhares de peregrinos fazerem a peregrinação fora do percurso oficial para evitar pagar as autorizações oficiais, muitas vezes dispendiosas, mas que os impede também, por exemplo, de aceder a espaços com ar condicionado no final das orações ao ar livre.
A peregrinação deste ano contou com mais de 1,8 milhões de pessoas, na sua maioria estrangeiras.
Os peregrinos muçulmanos terminaram na terça-feira o Hajj, sob intenso calor do verão com o terceiro dia do apedrejamento simbólico do Diabo e a última circunvalação da Kaaba, em Meca. O ritual de apedrejamento de três dias em Mina, um local deserto nos arredores de Meca, faz parte dos ritos finais do Hajj e simboliza a expulsão do mal e do pecado.
Esta cerimónia começou um dia depois de os peregrinos se terem reunido no sábado numa colina sagrada, conhecida como Monte Arafat.
Os últimos dias desta peregrinação sagrada coincidem com a celebração do feriado Eid al-Adha, em que os muçulmanos comemoram a prova de fé do profeta Ibrahim quando “Deus lhe ordenou que sacrificasse o único filho, abatendo gado e animais e distribuindo a carne pelos pobres”.
O Hajj é uma das cinco mais importantes cerimónias do Islão: os rituais assinalam os relatos do profeta Ibrahim e do filho, o profeta Ismail, da mãe de Ismail, Hajar, e do profeta Maomé, segundo o Alcorão, o livro sagrado do Islão.
ZAP // Lusa