Russos podem esperar “mais guerra”. O que se sabe sobre os ataques com drones a Moscovo

Capital russa foi atingida pela segunda vez em três dias. Nas palavras do conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, os russos podem esperar “mais guerra”.

Um arranha-céus em Moscovo, sede de três ministérios russos, foi atingido por um drone. É a segunda vez em três dias.

O prédio atacado faz parte do IQ Kvartal (ou quarteirão QI), complexo de edifícios composto por dois arranha-céus que abriga o Ministério do Desenvolvimento Económico, o Ministério Digital e o Ministério da Indústria e Comércio. Ninguém ficou ferido no ataque, uma vez que os funcionários do governo trabalhavam, por essa altura, a partir de casa.

Informando que a Rússia abateu outros dois drones a oeste do centro da capital da Rússia, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, culpa a Ucrânia pelos ataques.

“De facto, existe uma ameaça, é óbvio, mas estão a ser tomadas medidas”, admitiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusando-se a fazer mais comentários.

Kiev ainda não comentou oficialmente, apesar de alertar a Rússia de que a guerra pode alastrar-se em breve para o território russo.

Nas palavras do conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, os russos podem esperar “mais guerra”. Podolyak avisa que vai haver “mais drones, mais colapsos e mais conflitos civis” e que Moscovo está a habituar-se rapidamente a uma guerra em grande escala.

“Moscovo está a habituar-se rapidamente a uma guerra total, que, por sua vez, em breve se deslocará finalmente para território dos ‘autores da guerra’ para cobrar todas as suas dívidas”, escreveu Podolyak, no X (ex-Twitter).

Guerra chegou à Rússia

A Rússia tem acusado repetidamente a Ucrânia de bombardear o seu território com drones nos últimos meses, descrevendo os episódios como “ataques terroristas”.

Embora a Ucrânia não tenha assumido responsabilidade por nenhum ataque específico, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy defende que ataques em território russo são um “processo inevitável, natural e absolutamente justo”.

De acordo com a BBC, já tiveram lugar na Rússia e em território ucraniano controlado por Moscovo mais de 120 ataques com drones este ano. Os ataques concentraram-se nas regiões russas de Bryansk e Belgorod, próximo da fronteira com a Ucrânia, e na Crimeia, região ucraniana anexada pela Rússia em 2014.

A região de Moscovo também tem sido afetada por uma série de ataques de drones nos últimos meses, incluindo uma onda de ataques em 30 de maio que danificou vários prédios. A Rússia acusou mesmo a Ucrânia de tentar matar o presidente Vladimir Putin num alegado ataque à sua residência no Kremlin em 3 de maio, negado por Kiev.

Os alvos seriam instalações de petróleo, aeródromos e infraestruturas de energia. Pelo menos nove ataques de drones foram identificados pela BBC, em depósitos de petróleo. Um deles foi em Sevastopol, cidade da Crimeia que foi atingida em 29 de abril, resultando na destruição de vários tanques.

A 31 de maio, uma refinaria de petróleo foi incendiada no território de Krasnodar, no sul da Rússia, a cerca de 200 km da fronteira com a Crimeia. O governador regional afirmou que, provavelmente, o ataque foi da autoria de um drone.

Já em dezembro de 2022, um drone atingiu uma base aérea 600 km a nordeste da fronteira ucraniana, matando três pessoas, de acordo com militares russos.

Drones ucranianos têm alcance suficiente?

Estes aparelhos têm sido usados por ambos os lados do conflito — a Rússia, por exemplo, usa drones iranianos sobre alvos na Ucrânia, que por sua vez diz estar a aumentar rapidamente sua produção de drones à medida que a linha de frente o exige.

Em termos de alcance, os especialistas dizem que os drones lançados da Ucrânia podem atingir profundamente o território russo e até Moscovo, que fica a cerca de 450 km da fronteira.

O especialista em drones, Steve Wright, acredita que há uma possibilidade de um drone atingir o Kremlin, lançado a partir da Ucrânia. “O meu palpite é que o drone foi lançado muito mais perto, pois assim não teria de passar pelo desafio de enfrentar muitas das defesas de Moscovo”, diz.

O ministro da Transformação Digital da Ucrânia, Mykhailo Fedorov, gabou-se de um drone ucraniano chamado R18 que “pode voar de Kiev a Moscovo e voltar”. No entanto, negou estar a motivar ataques de drones à capital russa.

ZAP // BBC

 

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