Russos entraram em Kharkiv. “A noite passada foi brutal”

Mikhail Palinchak / EPA

Depois de três dias a conseguir segurar a segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv, os ucranianos enfrentaram este domingo duras batalhas nas ruas com a entrada do exército russo.

O governador Oleh Synehubov apelou a todos os civis que se mantivessem em abrigos e não circulassem na tentativa de fugir daquela zona, por causa dos intensos combates que se adivinhavam, noticia a CNN.

“Os veículos do inimigo russo avançaram para a cidade de Kharkiv. Incluindo a parte central da cidade. Aviso! Não deixem seus abrigos!” disse o governador Synyehubov numa publicação no Facebook.

“As Forças Armadas da Ucrânia estão a eliminar o inimigo. Pede-se aos civis que não saiam às ruas”. Kharkiv tem cerca de 1,4 milhão de habitantes e está localizada a menos de 32 quilómetros do sul da fronteira russa.

O site da presidência da Ucrânia encontra-se em baixo, este domingo. As causas destas perturbações são ainda desconhecidas, mas podem ser fruto de um crescente número de ciberataques levado a cabo por parte de Moscovo.

O presidente ucraniano disse este domingo que as forças militares russas bombardearam áreas residenciais na Ucrânia.

“A noite passada foi brutal, outra vez tiros, outra vez bombardeamentos em zonas residenciais, infraestruturas civis”, disse.

Bielorrússia elimina neutralidade nuclear

Os cidadãos bielorrussos pronunciam-se este domingo em referendo sobre as alterações à Constituição que eliminam o compromisso da Bielorrússia como “território sem armas nucleares”, substituindo esse artigo por outro que “exclui a agressão militar a partir do território” bielorrusso.

No final de janeiro, os Estados Unidos ficaram alarmados com o facto de esta reforma constitucional permitir a instalação de armas nucleares russas na Bielorrússia, país que faz fronteira com a Ucrânia, onde desde quinta-feira está em curso uma ofensiva militar russa em três frentes que já vitimou civis e obrigou à deslocação de mais de 100.000 pessoas, e com a Polónia.

As alterações agora submetidas a votação, apresentadas pelas autoridades bielorrussas em dezembro de 2021, reforçarão mais ainda o poder do atual Presidente da República, Alexander Lukashenko, aliado do líder russo, Vladimir Putin, e no poder em Minsk desde 1994.

Entre elas, estão a imunidade judicial vitalícia para os ex-Presidentes e a introdução de um limite de dois mandatos presidenciais, que só entrará em vigor a partir das próximas eleições.

Negociações em cima da mesa

Putin não falava desde sexta-feira e voltou aos discursos nesta manhã de domingo. Em poucos minutos, o presidente russo sublinhou o “heroísmo” das forças militares russas que invadiram a Ucrânia e definiu a invasão da Ucrânia como “uma operação especial para prestar assistência” a Donbass.

De acordo com a agência estatal russa RIA Novosti, uma delegação da Rússia chegou à sua aliada Bielorrússia para negociar com a Ucrânia.

A agência estatal avança informadas que terão sido dadas pelo porta-voz do governo Dmitry Peskov. “Estaremos prontos para iniciar estas negociações em Gomel”.

De acordo com a mesma fonte, estarão nas negociações o ministro dos negócios estrangeiros, o ministro da defesa e outros departamentos, incluindo a administração da presidência.

Já na passada sexta-feira foi noticiado pelas agências estatais russas que Putin estava disposto a enviar uma delegação para iniciar conversações com Zelensky.

As agências estatais russas dizem que a Rússia está pronta para negociar com a Ucrânia e que terá, inclusive, enviado uma delegação para a Bielorrússia, mas o presidente ucraniano rejeita tal cenário de conversações.

Em mais um discurso ao país, Zelensky disse esta manhã que continua disponível para negociações em território que não seja contra a Ucrânia e que as conversações poderiam ter acontecido em Minsk se a Rússia não tivesse atacado a Ucrânia a partir do território bielorrusso.

Também Mikhail Podolyak, conselheiro de estado ucraniano, respondeu à possibilidade de uma delegação russa estar pronta para negociar e sublinhou que a Rússia sabe que essa deslocação é inútil.

Um dos conselheiros de Zelensky falou sobre a possibilidade de a Ucrânia iniciar conversações com a Rússia, depois de uma agência estatal russa ter anunciado que tinha sido enviada uma delegação para a Bielorrússia. “Propaganda“, classificou o conselheiro do presidente da Ucrânia, citado pela Reuters.

O conselheiro de Zelensky disse então que a Ucrânia quer apenas negociações “reais”, sem ultimatos.

ZAP //

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