Rússia reposicionou dois dos seus Tupolev-160. Estão agora a apenas 650 km dos EUA

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Dmitry Terekhov / Flickr

Bombardeiros Tupolev TU-160 da Força Aérea da Rússia

Moscovo está a deslocar alguns dos seus mais valiosos bombardeiros com capacidade nuclear para mais perto dos Estados Unidos, para os proteger dos ataques de drones de Kiev.

Aparentemente na sequência do ataque ucraniano que no dia 2 destruiu 40 aeronaves em território russo, a Rússia reposicionou dois seus bombardeiros nucleares estratégicos Tu-160 “Blackjack” para a base aérea de Anadyr, na região de Chukotka, no extremo leste do país.

O movimento foi detetado em imagens de satélite divulgadas no X/Twitter pelo AviVector, que mostram dois Tu-160 estacionados em Anadyr.

Esta base, a mais de 6.750 km da fronteira com a Ucrânia, encontra-se ironicamente mais próxima dos Estados Unidos, principal rival estratégico da Rússia — a apenas 560 km da costa do estado norte-americano do Alasca.

Segundo o Defense Express, a mudança é uma manobra tática com o objetivo de proteger este bombardeiros nucleares dos ataques de drones de longo alcance ucranianos.

Entre as bases aéreas atingidas na “Operação Spiderweb” conta-se a base aérea de Belaya, na região de Irkutsk, na Rússia, a mais de 4.000 km da Ucrânia. A operação envolveu drones transportados em contentores levados por camiões no interior do território russo, que conseguiram atacar 4 bases aéreas longe da fronteira.

Com este reposicionamento, diz o Defense Express, a Rússia estará a tentar esconder os seus bombardeiros estratégicos mais valiosos, protegendo-os de um eventual novo ataque de drones ucranianos.

A escolha de Anadyr não tem a ver apenas com a distância a que se encontra da fronteira com a Ucrânia, mas também com as características geográficas da região em que se encontra: a falta de estradas de acesso à base, cuja logística é assegurada por via aérea ou marítima, torna inviável o uso de camiões para colocar drones ao alcance de um ataque.

De acordo com especialistas citados pelo Defense Express, é improvável que a Rússia consiga usar o Tu-160 a partir desta base aérea remota para atacar a Ucrânia, pelo que o único motivo real para a decisão é esconder os aviões de possíveis ataques ucranianos.

Segundo dados confirmados pelo Conselho de Segurança e Defesa ucraniano, pelo menos treze bombardeiros nucleares foram destruídos em quatro bases aéreas russas: Olenya (região de Murmansk), Belaya (Irkutsk), Dyagilevo (Ryazan) e Ivanovo.

Entre os aparelhos destruídos encontram-se bombardeiros nucleares Tu-160, Tu-95MS, e Tu-22M3, e o avião radar A-50 — considerados ativos insubstituíveis para Moscovo, por não poderem ser reparados nem haver alternativas que possam tomar o seu lugar.

A Rússia começou nas últimas semanas a usar mais ativamente os Tu-160 para atacar a Ucrânia, mas de 2023 até ao início de maio deste ano apenas se conheciam dois casos em que este tipo de aeronave esteve envolvido em ataques contra a Ucrânia, diz o Defense Express.

O Tupolev Tu-160 é o maior e mais rápido bombardeiro supersónico em serviço atualmente. Introduzido nos anos finais da Guerra Fria, é um bombardeiro pesado de geometria variável, projetado para penetrar defesas aéreas a alta velocidade e lançar mísseis de cruzeiro nucleares e convencionais de longo alcance.

Pode transportar até 12 mísseis de cruzeiro Kh-101 ou Kh-55, conferindo-lhe um raio de ataque superior a 5.500 km sem reabastecimento aéreo. Com um peso máximo de descolagem de 275.000 kg, o Tu-160 pode atingir Mach 2,05 e tem um raio de combate superior a 7.300 km.

A Rússia tem atualmente menos de 20 destes bombardeiros em operação, o que os torna ativos preciosos. E aparentemente, os ataques de drones da Ucrânia representam para o Kremlin uma ameaça maior para os TU-160 do que todo o poder militar do velho rival do outro lado do Estreito de Bering.

ZAP //

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