O chefe da diplomacia de Moscovo disse, esta sexta-feira, que a Rússia vai expulsar diplomatas britânicos em resposta à decisão de Londres que ordenou a saída de 23 diplomatas russos por causa do ataque contra o ex-agente russo.
“É evidente que o vamos fazer”, disse Serguei Lavrov quando questionado sobre a eventual reação de Moscovo à expulsão dos 23 diplomatas russos do Reino Unido.
Depois de vários dias de acusações recíprocas, a primeira-ministra britânica anunciou, na quarta-feira, a expulsão de 23 diplomatas russos e a suspensão dos contactos bilaterais com a Rússia, que declarou “culpada” do envenenamento de Serguei Skripal e da sua filha Yulia, a 4 de março em Salisbury, Inglaterra.
A Rússia dispõe de 59 diplomatas acreditados no Reino Unido. Os 23 diplomatas visados, considerados por Londres “agentes não declarados dos serviços de informações” têm “uma semana” para deixar o território. Esta será a mais importante vaga de expulsão de diplomatas russos pelo Reino Unido desde a Guerra fria.
A Rússia nega qualquer responsabilidade no ataque, que já mereceu a condenação de vários governos, incluindo o de Portugal, e de dirigentes como os presidentes norte-americano, Donald Trump, e francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
Esta quinta-feira, os líderes dos quatro países assinaram um comunicado conjunto no qual repudiam a utilização do agente neurotóxico, uma “violação do direito internacional”.
“É um assalto à soberania do Reino Unido e qualquer utilização desse tipo por um Estado é uma clara violação da Convenção sobre Armas Químicas e uma violação do direito internacional. É uma ameaça à segurança de todos nós”, referem.
O ex-espião e a filha foram envenenados com um agente “muito raro” que ataca o sistema nervoso. Os dois permanecem hospitalizados, em “estado crítico, mas estável”. Um dos primeiros agentes da polícia a chegar ao local também está internado.
Skripal é um ex-coronel dos Serviços de Inteligência da Rússia que foi recrutado pelos serviços secretos britânicos em 1995. A troco de dinheiro, o agente forneceu ao Reino Unido a identidade de vários espiões russos que operavam na Europa, bem como outras informações militares russas.
Em 2006, Skripal foi condenado na Rússia, mas, posteriormente, foi alvo de uma troca de espiões levada a cabo entre as autoridades russas, norte-americanas e britânicas. Foi, nessa altura, que se mudou para Inglaterra.
ZAP // Lusa