Rússia evacua civis de nove localidades junto à fronteira com a Ucrânia

Sergey Kozlov / EPA

As autoridades russas evacuaram civis de nove localidades na fronteira com a Ucrânia, após a incursão desta segunda-feira de um grupo armado procedente do território ucraniano que atacou a cidade de Belgorod.

A Rússia procedeu esta segunda-feira à evacuação de populações civis em cinco localidades junto à fronteira com a Ucrânia, anunciou no Telegram o governador da região, Viacheslav Gladkov.

O anúncio surge após a incursão desta segunda-feira da auto-designada “Legião da Liberdade”, que atacou Belgorod e diz já ter “libertado uma aldeia”, a que se seguiram, segundo autoridades russas citadas pela Agência AFP, “bombardeamentos contra diversas aldeias” na região.

Segundo Gladkov, nas últimas horas foram abatidos drones na região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia. O governador aconselhou a população de Grayvoron, uma das cidades atingidas pelos combates, a não voltar para casa.

“Os drones foram abatidos pelo sistema de defesa aérea sobre a região de Belgorod. Segundo dados preliminares, não há vítimas”, escreveu Gladkov no Telegram.

“O trabalho de limpeza continua nas áreas afetadas. Moradores de Grayvoron, Novostroevka, Gorkovski, Bezymeno, Mokraya Orlovka, Glotovo, Gora Podol, Zamostie e Spodariusheno foram deslocados”, adiantou Gladkov.

O Kremlin exprimiu hoje “profunda preocupação” em relação à incursão do “grupo armado ucraniano” em território russo e apelou a “maiores esforços” para combater o número crescente de ataques.

“O que aconteceu  esta segunda-feira é motivo de grande preocupação e demonstra mais uma vez que os combatentes ucranianos continuam atividades contra o nosso país. Isto exige mais esforços da nossa parte”, disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

“Estes esforços continuam e a ‘operação militar especial’ na Ucrânia continua para que isto não volte a acontecer”, acescentou Peskov.

As tropas e as forças de segurança da Rússia afirmam estar a combater desde segunda-feira um alegado ataque surpresa que Moscovo atribui a sabotadores militares ucranianos.

A incursão de combatentes armados da Ucrânia feriu oito pessoas e levou a Rússia a desencadear uma “operação de contraterrorismo”. É a primeira vez, desde o início da guerra, em fevereiro do ano passado, que ocorre um ataque em território russo.

Kiev rejeita responsabilidades e afirma tratar-se de uma “sublevação” por parte de “resistentes russos” no próprio país.

Um representante da Direção de Inteligência Militar da Ucrânia atribuiu os ataques a dois grupos de voluntários russos que lutam contra o Kremlin: o Corpo de Voluntários Russos (CVR) e a Legião da Liberdade para a Rússia (LLR).

O CVR publicou vídeos dos ataques de segunda-feira no seu canal do Telegram, enquanto a LLR anunciou o “início da invasão de Graivoron, na região de Belgorod”, onde ocorreu o ataque.

A Rússia será livre!“, escreveu o LLR, que afirma no seu canal no Telegram que está “a lutar contra o regime ditatorial na Rússia”.

Segundo Viacheslav Gladkov, a província russa foi atacada mais de 40 vezes com ‘drones’, artilharia e morteiros em diferentes localidades, entre segunda-feira e esta manhã, havendo 12 civis feridos e 29 casas particulares danificadas.

A Rússia abriu um processo-crime por terrorismo contra os autores dos ataques na região russa de Belgorod, junto à fronteira com a Ucrânia, que atribuiu a forças ucranianas, anunciou hoje o Comité de Investigação russo.

Estão a ser tomadas medidas para determinar a identidade dos agressores e todas as circunstâncias do incidente”, declarou o organismo responsável pelas principais investigações na Rússia num comunicado citado pela AFP.

Até ao momento, os acontecimentos relatados por Moscovo desde segunda-feira não foram verificados por entidades independentes. Nos últimos meses, a Rússia tem acusado “sabotadores” ucranianos de incursões armadas no interior do país.

ZAP // Lusa

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