Rússia avisa Finlândia e Suécia: “Se aderirem à NATO, pode haver consequências militares e políticas”

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Fredrik Rubensson / Flickr

Bandeiras de Finlândia, Ilhas Åland e Suécia

Mesmo que haja diálogo com Ucrânia, operações militares não vão parar. Putin prefere negociar com militares ucranianos: “Tomem o poder!”.

O segundo dia da invasão russa à Ucrânia contou com uma aparente boa notícia, quando surgiu a possibilidade de haver um encontro entre altos responsáveis de Rússia e Ucrânia, em solo neutro.

Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, disse à agência Reuters: “Se são possíveis, as conversações deveriam acontecer. Se Moscovo disser que quer falar, num local neutro, não teremos medo disso. Poderemos falar também”.

Do lado russo já terá sido criada uma delegação com representantes do Ministério da Defesa, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Administração Presidencial.

Os responsáveis ucranianos souberam desta intenção mas há conflito diplomático em relação ao local do encontro: Minsk ou Varsóvia. Há uma pausa – prolongada – na programação desse encontro, também porque os ucranianos estão contra o ataque russo a alvos civis, sobretudo na capital Kiev.

Maria Zakharova, representante oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, apareceu em conferência de imprensa nesta sexta-feira e disse que eventuais conversações com a Ucrânia não cancelam a operação militar.

“Estas tarefas militares foram definidas pelo presidente antes do início da implementação da correspondente operação especializada. Ninguém as cancelou, são operações relevantes“, afirmou a porta-voz.

Zakharova falou também sobre a especulação, que se tem acumulado, à volta da adesão da Suécia e da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

“A Finlândia e a Suécia não devem basear a sua segurança prejudicando a segurança de outros países. A adesão desses dois países à NATO pode originar consequências militares e políticas“, avisou Maria Zakharova.

Os dois países nórdicos têm optado por uma posição de neutralidade, desde a II Guerra Mundial. Mas ambos estão na União Europeia, ao contrário da Ucrânia.

Alexander Stubb, antigo primeiro-ministro da Finlândia, já escreveu no Twitter que a Rússia está a “empurrar” a Finlândia para a NATO: “A nossa segurança, parcialmente, tem sido baseada na opção de aderir ou não. Nesta altura só temos uma opção: aderir. A adesão da Finlândia fortaleceria a Aliança e ajudaria a manter o norte da Europa estável”.

Putin repete apelo aos militares ucranianos

Vladimir Putin voltou a dizer, durante uma reunião com o secretário de Segurança da Rússia, que prefere dialogar com os militares ucranianos do que com o Governo ucraniano.

“Apelo mais uma vez aos militares das Forças Armadas da Ucrânia para que não permitam que neonazistas e nacionalistas radicais ucranianos usem os seus filhos, as suas esposas e os anciãos como escudos humanos”, analisou o presidente da Rússia.

Tomem o poder pelas vossas próprias mãos! Será mais fácil para nós negociar convosco do que com essa quadrilha de viciados em drogas e neonazis”, repetiu Putin.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

7 Comments

  1. Isso de intimidar a Suécia e a Finlândia ultrapassa os limites…, para além de que o ataque militar à Ucrânia é uma violação clara da soberania e do direito internacional. Tais actos mostram que quer continuar a desestabilizar e a violar o direito internacional. A distância física entre a Rússia em relação aos países da Nato mais próximos nada justifica.
    Quanto à UE é lamentável o nível de resposta perante o ataque da Rússia. Para além das medidas já anunciadas, deveria ser logo a confiscação de bens a fim de assegurar a indemnização pelos danos materiais e humanos causados na Ucrânia e igualmente deixar de comprar gás e barris de petróleo à Rússia. Teria consequências ao nível económico mas deixar de aplicar tais medidas também terá consequências a médio e longo prazo e certamente não só económicas.

    • A UE não vai fazer nada que verdadeiramente prejudique a Rússia porque muitos países, e em particular a Alemanha, têm grande dependência do gás Russo. A Alemanha anda há 20 anos a fechar centrais nucleares e centrais a carvão para ficar bem na fotografia, para parecer que é muito “verde” e se preocupa com o clima, e fê-lo sem ter um plano B. Agora está numa situação de dependência energética da Rússia, e só tem a si própria a culpar-se.

      • Esta agressão militar da Rússia à Ucrânia mostra que nunca deveria haver uma substituição a 100% de fontes poluentes de produção de electricidade por fontes renováveis. As fontes poluentes deveriam continuar em funcionamento a um nível mínimo tal que o resultado da venda da electricidade produzida por essas fontes cobrisse os custos de manutenção. No caso de uma urgência energética poderiam ser reactivadas a 100% e ficava garantida a redundância nos sistemas de produção de electricidade.
        A substituição pelo menos parcial do consumo de gás pelo consumo de electricidade tem custos elevados mas pode minimizar a dependência energética.

  2. Merkel foi sempre muito brande com Putin, chamaram isso pragmatismo….
    O resultado é uma grande fragilidade da Alemanha (e da U.E.) com uma dependência energética de 40% da Rússia

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