Antigo líder do PSD acha que o Ministério Público agiu sem indícios suficientes na Operação Influencer. E que foi Lucília Gago a demitir António Costa.
Rui Rio pensava que as buscas que realizaram em sua casa, já em 2023, seria o pior de tudo em Portugal, relacionado com a Justiça; mas afinal ainda “estava reservado ver ainda coisa pior antes do ano terminar”.
Para o antigo líder do PSD, a Operação Influencer está a ser mal gerida pelo Ministério Público: “O Ministério Público agiu sem indícios suficientes para o fazer. Violou o princípio da separação de poderes ao criar uma crise no país, sem ter ainda a sua investigação em estado que o justificasse. Isto é gravíssimo, mesmo que mais tarde possam vir a ser descobertos novos factos. No momento em que o fez, nunca o podia ter feito“.
Nesta entrevista ao Jornal de Notícias, Rio disse que não tem dúvidas: António Costa “foi demitido” por Lucília Gago – uma procuradora-geral da República (PGR) que “não tem sequer noção do gravíssimo dano que provocou ao país, quando em todo o mundo se noticiou que o primeiro-ministro português se demitiu devido a suspeitas de corrupção”.
“Isto põe a nossa imagem ao nível dos piores do terceiro mundo. É muito, muito mau“, lamentou o social-democrata.
Mas, olhando para o famoso parágrafo do comunicado do dia 7 de Novembro, António Costa “não podia fazer outra coisa” sem ser a demissão.
Voltando à PGR, Rui Rio considera que Lucília Gago ainda não esclareceu este processo e, “pior ainda”, abriu um processo contra a procuradora Maria José Fernandes, “que ousou corajosamente dar a sua opinião crítica sobre o funcionamento do Ministério Público”.
Num caso que “seria inaceitável num verdadeiro regime democrático”, Rui Rio não tem dúvidas: “É evidente que a PGR deveria abandonar o cargo. Mas, no Portugal contemporâneo, a sua permanência não será assim tão fora do comum”.
Rio vê um Ministério Público “muitíssimo mais fragilizado” do que o Partido Socialista, na Operação Influencer.
Mesmo assim, e apesar de “a origem da crise” ser o Ministério Público, Rui Rio acha que o presidente da República “se precipitou”.
Sem querer atingir qualquer partido em concreto, Rio vê um Ministério Público com uma postura “anti-política”. E com base “num justicialismo de perfil populista, porque, da forma como as investigações são conduzidas, estas levam sempre à ideia subliminar de que na política são todos desonestos”.
Rui Rio admite que a sua “grande falha” enquanto presidente do PSD foi ter falhado consensos com o PS na reforma da justiça. “Porque esta é a principal reforma de que o regime necessita”, explicou. Mas “ninguém quis fazer a reforma da justiça; nem o presidente da República, nem os partidos, nem a maioria dos comentadores do espaço público”.
Rui Rio consegui surpreender positivamente. Disse umas quantas verdades sem estar preocupado com o PSD. Gostei.