Várias figuras do PSD consideram que o novo líder não é adepto do “politicamente correto” e que não tem medo de chocar a “corte lisboeta”. Sobre a permanência de Hugo Soares como líder da bancada do partido, a palavra para já é “esperar”.
Segundo o Público, Rui Rio não pretende mudar-se para Lisboa e a estratégia deve passar por estar uma parte da semana na capital e outra na ‘invicta’, até porque neste momento é a altura de “ouvir as pessoas e de fazer convites para os órgãos nacionais do partido”.
Uma decisão que, à partida, dá logo sinal de que “muita coisa pode mudar” com o ex-autarca agora na liderança do PSD que, depois da vitória no sábado, já foi criticado por ter feito o discurso a partir do Porto e não na capital.
“Rui Rio não é pessoa para fazer grandes cedências ao politicamente correto, ele faz aquilo que deve fazer em cada momento, é um homem com apurado sentido do dever e, portanto, faz aquilo que deve e não aquilo que é politicamente correto“, afirma o antigo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional de Passos Coelho e ex-presidente da Câmara de São João da Madeira, Castro Almeida, em declarações ao jornal.
O político, que conhece bem o novo líder do PSD, sabe que Rio “vai fazer o que entender, mesmo que isso choque a ‘corte lisboeta'” e defende que este coloca um grande rigor em tudo o que faz, dando como o exemplo o discurso da noite eleitoral, em que “cada palavra foi meticulosamente pensada”.
Também o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, afirma que se trata “de uma viragem no modelo de atuação política em Portugal”. “Até agora vigorava o modelo do politicamente correto, mas Rui Rio não é pessoa para privilegiar o politicamente correto, foi assim na Câmara do Porto e em termos nacionais vai fazer a mesma coisa”, declara ao jornal.
Hugo Soares: fica ou não fica, eis a questão
Relativamente à permanência de Hugo Soares como líder parlamentar do PSD, Marques Mendes foi o primeiro a defender que devia pôr o seu lugar à disposição. No entanto, de acordo com algumas fontes ouvidas pelo Diário de Notícias, o político, que apoiou Santana Lopes, deverá esperar pela conversa com o novo presidente, dentro de duas semanas.
Até lá, o líder parlamentar mantém-se no cargo e não pretende colocar o lugar à disposição. Ele que já tinha deixado um aviso a Rio: eleito em julho de 2017, o seu mandato é de dois anos e quem elege a liderança do grupo parlamentar são os deputados.
“Esta era uma boa ocasião de o presidente do partido mostrar que quer unir, mantendo um líder da bancada que foi aprovado pela esmagadora maioria dos deputados”, diz um deputado social-democrata ao DN.
Marques Guedes, Leitão Amaro, José Matos Correia ou Fernando Negrão, um apoiante de Santana que poderia promover a unidade da bancada, são os nomes que se começam a ouvir em alternativa ao de Hugo Soares.
Para já, apenas Sérgio Azevedo e Amadeu Albergaria, vices da bancada do PSD, colocaram os respetivos lugares à disposição. Por sua vez, avança o Expresso, Miguel Santos afirma não fazer qualquer sentido pedir a demissão do seu cargo.
“Desde o primeiro dia nestas funções, o meu lugar sempre esteve, como está, à disposição dos líderes do partido e da bancada do PSD. Como tal, está por inerência à disposição de Rui Rio”, afirmou ao semanário esta segunda-feira.
O ex-presidente da Câmara do Porto foi eleito com 54,37% dos votos, com uma diferença de cerca de 10 pontos percentuais para Santana Lopes.
Parece-me que formalmente Hugo Soares tem razão. Mas, mesmo assim, ficava-lhe bem ter colocado o lugar à disposição. É certo que a bancada parlamentar que o elegeu não mudou, mas mudou a liderança, o estilo e a orientação política (pelo menos, em parte) do PSD. Cavar na bancada parlamentar uma trincheira de afrontamento ou de afastamento não beneficia ninguém e pode prejudicar muito o partido.
Já o discurso de Rui Rio, a partir do Porto, achei muito bem. O Porto é Portugal e nem tudo dever ser açambarcado por Lisboa. Mostrar-se ao partido, ao país, a partir do Porto é coerente e manifesta orgulho nas suas origens. Espero que se prolongue numa política efetiva de descentralização, discriminação positiva do interior e inversão do fluxo demográfico para o litoral e para a capital. O que é mais difícil.
As últimas desgraças dos incêndios não tiveram senão uma vantagem: mostrar o erro do modelo demográfico de concentração nas cidades e os perigos da desertificação do território.
Parece-me que precisamos de um novo “Povoador”, à escala do nosso tempo.
Rui Rio representa uma mudança muito positiva no PSD e na política em geral. Vou estar atento à sua performance e quem sabe o PSd volatrá a ter o meu voto.
Parabéns Rui Rio pela Tua Eleição, agora mete estes Sr,s na linha, prova que és um homem do Norte, CARAGO