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Rosetta encontra oxigénio num cometa e desafia teorias da formação do Sistema Solar

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ESA

Sonda Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, com a nave Rosetta em órbita (esboço artístico ESA)

Sonda Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, com a nave Rosetta em órbita (esboço artístico ESA)

Moléculas de oxigénio foram detetadas, pela primeira vez, num cometa, o 67P/Churyumov-Gerasimenko, uma descoberta que surpreendeu os cientistas e pode rever os modelos sobre a formação do Sistema Solar, divulgou hoje a agência espacial europeia ESA.

“Não estávamos propriamente à espera de encontrar oxigénio no cometa – e em tamanha abundância – porque o oxigénio é tão quimicamente reativo”, diz Kathrin Altwegg, investigadora da Universidade de Berna, na Suíça, que está envolvida na missão da sonda Rosetta, que estuda o cometa 67P.

Foi totalmente uma surpresa“, diz Altwegg, citada num comunicado da ESA,

Segundo a cientista, a descoberta sugere que as moléculas de oxigénio podem ter sido incorporadas no cometa, durante a sua formação, o que “não é facilmente explicado pelos atuais modelos de formação do Sistema Solar”.

Os resultados da investigação, publicados na Nature, revelam que o oxigénio molecular encontrado na atmosfera do cometa poderá ser mais antigo do que o Sistema Solar, que data de há mais de quatro mil milhões de anos.

Em declarações à AFP, o coautor do estudo, André Bieler, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, admitiu que talvez seja necessário “mudar os modelos atuais sobre a formação do Sistema Solar”, uma vez que “não preveem a presença de oxigénio molecular num cometa”.

Trata-se da primeira vez que é detetado oxigénio molecular num cometa. A presença deste gás já tinha sido confirmada noutros corpos celestes gelados, como as luas de Júpiter e de Saturno.

O espetrómetro ROSINA, um dos instrumentos-chave da sonda Rosetta, fez medições do gás entre setembro de 2014 e março de 2015, quando o cometa 67P se aproximava do Sol.

O ROSINA encontrou cerca de quatro por cento de oxigénio molecular (em relação ao vapor de água) no coma do cometa, com a taxa a manter-se estável ao fim de meses.

O oxigénio é o quarto gás mais significativo no 67P, depois do vapor de água, do monóxido de carbono e do dióxido de carbono.

Para os cientistas, tal não significa que há vida no cometa. Porém, acreditam que os cometas transportaram elementos essenciais à vida para a Terra, durante a sua formação.

Apesar de o oxigénio ser o terceiro elemento mais abundante no Universo, a sua versão molecular é difícil de detetar, mesmo nas nuvens de gás e poeira onde nascem as estrelas, pois o oxigénio é bastante reativo, e “parte-se” para se unir a outros átomos e moléculas – por exemplo, pode combinar-se com átomos de hidrogénio, forma a água.

/Lusa

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