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Rock in Rio reage ao sucesso do “Festival perto do Rio Febras”. Aldeia não pode acolher tanta gente

Rock in Rio Febras

A organização do “Rock in Rio Febras” está surpreendida com a dimensão nacional que o festival atingiu, após a polémica com o ‘Rock in Rio’. Até já foi contactada por quem queira fazer excursões de Lisboa, mas a aldeia de Briteiros – S. Salvador, em Guimarães, não tem capacidade para tanta gente.

O “Rock in Rio Febras, um pequeno festival de música que se vai realizar a 22 de Julho em Briteiros – S. Salvador, no concelho de Guimarães, distrito de Braga, teve uma “enorme repercussão e mediatismo” após a empresa responsável pelo ‘Rock in Rio Lisboa’ ter notificado os seus responsáveis a mudarem de nome, alegando uso indevido da marca e “concorrência desleal”.

O festival “assumiu uma dimensão que está a ultrapassar tudo” o que era expectável, refere, em declarações à agência Lusa, o presidente da Casa do Povo de Briteiros, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que organiza o evento.

“Não dá” para receber tanta gente

Vasco Marques nota que já foram “contactados por grupos de pessoas que gostavam de vir em excursão de Lisboa a perguntar se temos espaço para dormir, para acampar. Não temos. Não dá“, salienta.

“Acreditávamos e estávamos a trabalhar para ter, no mínimo, o mesmo número de pessoas do ano passado, mas nada como aparecer nas rádios nacionais, ser contactado por malta de todo o lado a dizer que quer vir, gente da freguesia a dizer que vai anunciar na Internet quartos para arrendar junto ao recinto. Parece surreal“, assume Vasco Marques.

Na primeira edição do ‘Rock in Rio Febras’, realizada em 2022, passaram pelo recinto cerca de 1.500 pessoas ao longo de todo o dia. Mas se estivessem todas ao mesmo tempo no local do festival, já se sentiriam apertadas.

Perante a procura deste ano, a organização vai fazer algumas alterações para “duplicar ou triplicar a capacidade” do parque fluvial de Briteiros, nas margens do rio Febras.

Vasco Marques sublinha que é importante que o público se divirta e usufrua do recinto, mas em segurança, salientando que a organização está a pensar numa solução em conjunto, pois há a limitação do espaço, do estacionamento ou a questão das casas de banho para resolver.

Uma das possibilidades é a criação de um bilhete, grátis, para se poder limitar a entrada, mas esse ainda não é um assunto fechado.

“Nem digo o orçamento, tenho vergonha”

O festival deste ano terá cinco bandas e quatro DJ locais a actuar.

Em 2022, o cartaz dizia: “começa às quatro da tarde e acaba até a GNR chegar”. Vasco Marques nota que esse também será o espírito do festival deste ano, mantendo sempre o seu cariz social e comunitário, sendo que as receitas revertem para o Centro de Dia da localidade.

“No ano passado, tivemos cerca de trinta voluntários da freguesia a cozinhar as febras, as bifanas, a vender bebidas. Toda a comunidade local se envolve e se associa ao festival. São os vizinhos do espaço que fornecem a electricidade e a água e não pagamos nada, não pedem nada”, aponta ainda o presidente da Casa do Povo de Briteiros.

“No dia seguinte ao festival, estava tudo limpo, sem lixo“, enaltece o mesmo responsável.

Somos todos amadores. Não cobramos entradas, preocupamo-nos com prestar um bom serviço e esperamos que a receita do que as pessoas gastam nas barraquinhas dê para cobrir as despesas”, já tinha dito Vasco Marques em declarações ao Jornal de Notícias (JN).

“Nem digo com que orçamento organizamos isto, tenho vergonha”, tinha apontado ainda.

“Também somos concorrentes do Festival de Coura”

Vasco Marques partilhou com a Lusa outra história, adiantando que pediu a um amigo que é comercial numa empresa de telecomunicações, cerca de 50 a 60 fitas vermelhas para segurar as credenciais que identificam os elementos da organização.

“Ele disse prontamente que me arranjava isso. Perguntaram-lhe se era para o ‘Rock in Rio Febras’, ele disse que sim. Entretanto, recebeu ordens superiores de que afinal não podia fornecer as fitas, pois a empresa para a qual trabalha é parceira do Festival de Paredes de Coura. Parece que também somos concorrentes do Festival de Coura”, ironiza o presidente da Casa do Povo de Briteiros.

Novo nome será escolhido pelas pessoas

Quanto ao novo nome a dar ao festival, em virtude da posição do Rock in Rio, Vasco Marques revela, de forma humorada, que será o público a escolher através das várias plataformas digitais.

“Será democraticamente escolhido pelas pessoas. Vamos colocar nas redes sociais dois ou três nomes e pôr à votação. Pensamos fazer isso esta semana”, refere.

A votos podem estar nomes como “Rocking Rio Febras”, “Rock no Rio Febras”, “Rock at Rio Febras” ou “Rock Febras” que têm surgido como opções nas redes sociais.

Rock in Rio Lisboa satisfeito com sucesso do… concorrente desleal

Entretanto, a organização do Rock in Rio já veio reagir a toda esta euforia em torno do “Festival de Rock que acontece perto do Rio Febras”, como se salienta no perfil do Instagram da empresa de Lisboa.

“Foi com muito humor e boa disposição, mas também com um certo sentimento de satisfação que fomos surpreendidos pelo alarido causado pela notificação que vos foi enviada sobre o uso indevido da nossa marca registada pelo vosso tão engraçado comunicado, que gerou uma onda viral nos meios de comunicação e redes sociais do país, nos últimos dias”, refere o Rock in Rio Lisboa numa publicação do Instagram em formato de “story”.

Nessa publicação, citada pelo Diário de Notícias, o Rock in Rio Lisboa nota ainda que “é (com um enorme sorriso)” que percebe que o festival do Rio Febras “tem também uma componente solidária e é feito por um grupo de jovens voluntários”.

“Agradecemos por reconhecerem a nossa energia contagiante e diversidade musical e, sobretudo, a nossa história que conta já com mais de 38 anos. Queremos abraçar toda a comunidade do festival que acontece “around [à volta]” Rio Febras e celebrar as diferenças e a união pela música “for a better World [por um Mundo melhor]” ou, em português, desejamos de coração o melhor ao vosso festival“, aponta o Rock in Rio original.

Assim, a organização do mega-evento congratula-se também por “estar a contribuir para o sucesso” da 2.ª edição do “Festival no Rio Febras”.

“Afinal de contas, é a música, as grandes causas e a alegria das pessoas que nos movem e, por isso mesmo, adoraríamos convidar todos a mergulharem no ritmo do festival no Rio Febras e seguir com essa mesma energia até Junho de 2024, no Parque da Bela Vista [em Lisboa]. Vamos celebrar juntos os 20 anos da chegada do nosso festival a Portugal. Quem sabe se não surgem colaborações incríveis e surpreendentes no futuro?“, escreve também o Rock in Rio Lisboa.

A terminar, fica a despedida e a assinatura: “Com paz e amor. O festival que acontece em Lisboa“.

ZAP // Lusa

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