Campo inovador aproveita materiais biodegradáveis para construir robôs que podem ser digeridos e fornecer valor nutricional ou medicinal.
E se os robôs comestíveis fossem o futuro da comida e da medicina?
Esses robôs, que conjugam os campos do processamento de alimentos e da robótica, poderão em breve transformar aplicações médicas, ambientais e nutricionais.
Num estudo recente, os investigadores examinaram a intersecção de materiais comestíveis com a tecnologia robótica, citando mais de 150 publicações para ilustrar as possibilidades dos robôs comestíveis e alimentos robóticos em cenários contemporâneos e futuros.
Este campo inovador tira proveito de materiais biodegradáveis para construir robôs que podem ser digeridos e fornecer valor nutricional ou medicinal.
Estes robôs poderiam, não só fornecer tratamentos e nutrição direcionados, como também reduzir os resíduos associados à robótica tradicional, que frequentemente se converte em lixo não biodegradável.
O conceito estende-se a aplicações diárias, como drones comestíveis que entregam comida e que posteriormente podem ser consumidos, encarnando uma abordagem futurista que até aqui só se imaginava na ficção científica.
Esta integração do design robótico com a tecnologia alimentar oferece soluções inovadoras para desafios prementes na saúde e gestão ambiental.
Por exemplo, robôs feitos de materiais derivados de biomoléculas como celulose, quitosano e hidrogéis poderiam servir como corpos, atuadores, sensores e fontes de energia para estas máquinas comestíveis.
Desafios
Um dos principais desafios no desenvolvimento de robôs comestíveis é criar sistemas computacionais eficazes, lembra a News Medical.
A computação robótica tradicional depende de semicondutores e outros componentes não digeríveis, enquanto os robôs comestíveis requerem alternativas biocompatíveis e biodegradáveis.
Os investigadores identificaram materiais potenciais como carotenoides e corantes alimentares para esse fim, embora a integração destes em sistemas robóticos funcionais permaneça um desafio devido a problemas de desempenho e estabilidade.
A segurança é outra preocupação significativa. Embora os materiais utilizados sejam geralmente considerados seguros para consumo, a falta de ensaios clínicos que verifiquem a segurança destes sistemas complexos de múltiplos componentes representa uma barreira à sua adoção generalizada.
A reatividade cruzada de vários componentes comestíveis pode levar a efeitos adversos inesperados, um risco que necessita ser abordado através de validação clínica detalhada.
Além disso, a miniaturização e o controlo de qualidade destes robôs, especialmente aqueles projetados para intervenções médicas precisas como a entrega de medicamentos, apresentam dificuldades técnicas adicionais.
Estes sistemas devem operar de forma impecável, pois a falha de qualquer componente poderia ter consequências graves.
Apesar destes desafios, certos aspetos dos robôs comestíveis estão a progredir bem. Componentes como sensores e certos materiais corporais têm mostrado resultados promissores e podem em breve ser utilizados em aplicações como sistemas de entrega de medicamentos inteligentes, embalagens inteligentes e monitorização ambiental.
A integração da ciência avançada de materiais e robótica anuncia um futuro promissor, onde o consumo de veículos robóticos de entrega—como o de um drone de entrega de pizza—poderá tornar-se uma realidade.