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Rio até pode parecer um E.T., mas continua a defender consensos

Paulo Novais / Lusa

Rui Rio admitiu parecer um “E.T. vindo lá do norte”, mas continua a defender consensos, mesmo que o Governo tenha maioria absoluta.

Ainda a recuperar do pior resultado de sempre do PSD em eleições de âmbito nacional, Rui Rio admite que “talvez mude um aspeto ou outro”, mas a sua estratégia e forma de comunicar serão praticamente as mesmas.

Esta quarta-feira, num almoço no American Club of Lisbon, o líder social-democrata repetiu vezes sem conta que não é pela via do consumo privado, mas sim pelas exportações e investimento privado que se consegue crescimento económico. Além disso, bateu na mesma tecla e insistiu que sozinhos os governos não conseguem fazer reformas estruturais. Precisam de consensos.

“Nenhum governo sozinho vai conseguir resolver estrangulamentos estruturais, nem um partido de maioria absoluta consegue resolvê-los. Tem de haver capacidade, dentro do sistema, para que os partidos se juntem, na medida do possível, senão o país não chega lá”, disse, citado pelo Observador.

Rio deixou no ar, mas nas entrelinhas ficou retido que, mesmo que o PS venha a ganhar as eleições com maioria absoluta, poderá contar com o PSD para um acordo, nomeadamente para a descentralização. “Se queremos ter uma reforma a sério na descentralização, ela não será feita por um só partido, nem que tenha maioria absoluta”, sublinhou.

“Temos de ter a grandeza de nos entendermos”, afirmou, ainda que saiba que por vezes pode “parecer um E.T. vindo lá do norte”, como aconteceu quando, há cerca de um ano, procurou entendimentos discretos com os partidos para uma reforma alargada da justiça, e não funcionou.

“Procurei que os partidos se unissem em torno da reforma da justiça, mas às tantas parecia um E.T. vindo lá do norte“, contou o líder do PSD, concluindo que “não houve vontade” dos partidos para esse entendimento. Ainda assim, reiterou que não é por isso que vai tirar da cabeça a ideia da necessidade de consensos.

Para Rui Rio, o “estrangulamento político” é mais grave do que o económico ou o social. Por isso, e para resolver os restantes problemas, defende que é preciso voltar a prestigiar a política, como “atividade nobre”. Só desta forma será possível voltar a ter um “o poder político forte” – ou, por outras palavras, “credível” – e só assim será possível resolver os problemas económicos e sociais do país.

O diagnóstico do líder do PSD é uma capacidade que, segundo o próprio, só se consegue com a idade. “Compreendo que alguém com 40, 45 anos se deixe entusiasmar muito pelo que vai acontecer no imediato e possa tender a pôr de lado o que é verdadeiramente importante para o futuro. Mas aqueles que são um pouco mais velhos compreenderão melhor o que estou a dizer”, afirmou o político, de 61 anos.

“O que verdadeiramente me preocupa é aquilo que pode ser o meu/nosso legado para o futuro do país, independentemente do que possa acontecer no curto prazo“, disse Rio, dando a entender que pouco lhe interessa o que pode acontecer daqui a quatro meses, nas eleições legislativas, desde que possa interferir naquilo que considera serem as reformas necessárias para o futuro do país.

ZAP //

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