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Restam apenas dois rinocerontes brancos do norte (mas há uma esperança para salvar a espécie)

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Com a morte do último macho em 2018, o rinoceronte branco do norte chegou ao ponto em que não pode ser salvo naturalmente. Com apenas duas fêmeas restantes, a subespécie é agora tida como oficialmente extinta. A esperança reside na fertilização in vitro e em barrigas de substituição.

Esta é uma situação preocupante, mas não definitiva. A existência de novas técnicas, como a fertilização in vitro, permite contornar a reprodução normal e assim oferecer a possibilidade de produzir novos bebés, mesmo que a espécie já se encontre extinta, ou em vias de extinção – como é o caso do rinoceronte branco do norte.

Existem amostras de esperma de machos que já morreram, que são preservadas em bancos de material genético. Contudo, o problema é que neste stock de esperma, segundo a equipa que fez a pesquisa, não existem ovos de rinocerontes brancos do norte em que os especialistas possam confiar assim tão facilmente.

De acordo com o The Convsersation, o Projeto de Fertilidade Rhino, da Universidade de Oxford, pode ajudar a resolver esse problema. Através do uso de tecido de ovários de rinocerontes que já morreram, os investigadores acreditam ter encontrado uma maneira de salvar o rinoceronte branco do norte – e potencialmente, outras espécies ameaçadas.

Uma equipa liderada pelo professor Thomas Hildebrandt, do Instituto Leibniz para Pesquisa em Zoológicos e Animais Selvagens, na Alemanha, deu um grande passo em 2019 quando conseguiu recolher ovos das últimas fêmeas de rinoceronte branco do norte.

Depois de tratar as fêmeas com hormonas, os óvulos imaturos foram então recolhidos, transferidos para um laboratório onde foram amadurecidos, e fertilizados com esperma congelado. Até o momento, alguns embriões de rinoceronte branco do norte foram criados desta forma. Agora estes estão congelados e aguardam implantação numa fêmea de rinoceronte branco do sul.

A transferência de embriões para barrigas de substituição para produzir animais é um processo que está estabelecido já em muitas espécies, como é o caso de cavalos e vacas, embora ainda esteja em fase de desenvolvimento nos rinocerontes.

Contudo, a maior limitação deste método é que a estimulação hormonal destes rinocerontes fêmeas produz apenas alguns ovos por ciclo. Nem todos esses óvulos podem ser fertilizados e nem todos se desenvolvem em embriões. Após a transferência para uma barriga substituta, apenas alguns irão completar o seu desenvolvimento e assim tornarem-se bebés rinocerontes.

O facto de haver apenas dois rinocerontes fêmeas, faz com que se torne mais difícil recolher embriões com potencial de procriação, o que limita a capacidade dos investigadores diminuírem, através deste método, a extinção da espécie.

Ainda assim, há uma nova esperança. Os especialistas acreditam que mesmo que os óvulos recolhidos de rinocerontes fêmeas sejam escassos, a geração de óvulos de tecido ovariano de rinocerontes que já morreram, pode preencher esta falha que poderia por em causa a continuidade da espécie.

No entanto, não há muitos ovários de rinoceronte disponíveis para pesquisas laboratoriais no Reino Unido, país onde decorreu a pesquisa. O envio de tecidos de espécies ameaçadas, ou em perigo de extinção de África para o Reino Unido em tempo hábil é impossível.

Por isso, neste caso “a colaboração entre zoológicos, parques naturais e institutos de pesquisa é de extrema importância” para que os investigadores possam obter o tecido ovariano, pode ler-se no artigos publicado no The Conversation.

Os investigadores destacam que a “experiência e o conhecimento que estamos a adquirir com o desenvolvimento desta técnica podem ser úteis em esforços de conservação de outras espécies”.

ZAP //

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