A aplicação financeira já é conhecida em Portugal mas atua com um IBAN da Lituânia. A prioridade é “cumprir com todos os requisitos regulatórios”.
A Revolut, uma aplicação financeira mais conhecida pela atividade no segmento de viagens, vai avançar com a abertura de uma sucursal em Portugal e está a trabalhar na obtenção de um IBAN nacional, adiantou o responsável pelo projeto, Rúben Germano.
Para a fintech britânica, que neste momento atua com um IBAN da Lituânia, é essencial obter o IBAN português “para poder funcionar num modelo de banca mais aproximado do das instituições que operam no mercado nacional” e lançar produtos financeiros como crédito pessoal.
“O nosso grande objetivo é cumprir com todos os requisitos regulatórios”, diz Rúben Germano, em entrevista à Lusa, apontando que a meta passa por obter o IBAN ainda este ano.
“Estamos a ver todas as análises regulatórias e todos os reportes que temos que cumprir”, destacou, adiantando que a Revolut está a trabalhar com o Banco de Portugal nesse sentido.
“Queremos passar de uma empresa que foi muito focada no segmento de ‘travel’, associada às viagens, para uma instituição que pretende ser o banco principal dos clientes“, indicou.
A empresa quer assim avançar com novos produtos para os quais é essencial obter o IBAN português e tem já em vista o lançamento do crédito pessoal. “Vamos lançar o crédito pessoal sem finalidade específica e que é o maior segmento no crédito ao consumo”, destacou.
Depois disso, a Revolut vai avançar com produtos de investimento, de “risco baixo”, assegurou, sendo que os cartões de crédito poderão ser outro destes lançamentos.
Quanto à aposta em captar depósitos de vencimentos ou a prazo, Rúben Germano disse que está no horizonte da Revolut, mas não a tão curto prazo, sendo que o responsável reconheceu que pode ser complicado entrar em segmentos como o do crédito à habitação.
“Há produtos que sabemos que são âncora no mercado, como ‘mortgage’ [crédito à habitação], por exemplo”, indicando que os bancos “defendem também estes produtos âncora”, aos quais “tentam acoplar” outros.
É “mais difícil” combater a concorrência “sem estes produtos”, disse, mas salientou que o banco é competitivo em termos de preços e destacou uma maior facilidade e rapidez bem como transparência da instituição como vantagens.
Questionado sobre as dúvidas dos clientes da banca tradicional face a este tipo de banco sem balcões e com um grande pendor tecnológico, Rúben Germano lembrou que a Revolut está abrangida pela garantia de depósitos e que tem uma licença bancária na Lituânia.
“Somos uma empresa rentável ao longo dos anos”, disse, apontando ainda o crescimento da empresa.
“Acho que temos toda a estabilidade para garantir tanto dinheiro dos clientes”, assegurou, lembrando “as normas regulatórias que são exigidas e que fazem parte da do sistema de segurança bancário”.
A abertura da sucursal, com uma vertente mais local, também poderá contribuir para esta confiança, indicou, rejeitando, no entanto, a abertura de balcões.
As receitas globais da Revolut, que não divulga números para cada um dos mercados, aumentaram 45% para 1,1 mil milhões de euros em 2022 e o grupo espera obter quase dois mil milhões de euros este ano.
Em Portugal, o grupo conta com 1.300 trabalhadores (9.000 globalmente). No fim de 2021, segundo o presidente executivo da empresa, Joe Heneghan, a Revolut tinha 500 mil clientes em Portugal.
A aplicação da fintech britânica é muito usada em Portugal por quem viaja para o estrangeiro por não cobrar comissões nem taxas de levantamento nos ATM.
ZAP // Lusa