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Chega recua na revisão constitucional para conseguir “maior aproximação” ao PSD

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Mário Cruz / Lusa

O deputado do Chega, André Ventura

O processo de revisão constitucional do Chega está suspenso devido à entrada em vigor do estado de emergência. O líder do partido diz que há espaço para alcançar mais pontos de convergência com os sociais-democratas.

Segundo o semanário Expresso, a suspensão da revisão constitucional do Chega devido ao estado de emergência, tal como prevê a Constituição, foi anunciada, esta terça-feira, pela porta-voz da conferência de líderes Maria da Luz Rosinha.

O líder do partido, André Ventura, manifestou dúvidas sobre o que está exatamente em causa (a suspensão do prazo de revisão constitucional ou a suspensão de iniciativas), mas admitiu que esta situação até pode ser uma oportunidade para o Chega conseguir uma “maior aproximação” ao PSD.

“Significa que temos aqui a possibilidade de trabalhar em conjunto alguns textos, nomeadamente a questão da redução do número de deputados”, afirmou Ventura numa declaração na Assembleia da República, citado pelo mesmo jornal.

“Vamos tentar chegar a pontos de convergência“, insistiu o deputado, anunciando que, para além de retirar este projeto da sua proposta de revisão constitucional, irá fazer o mesmo com algumas questões relacionadas com a Justiça e com o sistema fiscal.

“O Chega está a cumprir com a sua palavra e espero que o PSD também, naturalmente, cumpra com a sua. Temos aqui um caminho aberto para podermos fazer um verdadeiro percurso de transformação em Portugal”, declarou.

De acordo com o jornal Público, Ventura sublinhou, porém, que algumas propostas irão manter-se como, por exemplo, a castração química de pedófilos, o voto obrigatório, a reforma do sistema económico e o trabalho comunitário dos condenados.

“Mesmo que quisesse desistir de algumas propostas, não poderia”, afirmou o líder do partido, alegando que foi, nomeadamente, pela proposta do aumento de penas que os eleitores votaram no Chega.

Elogios a Rui Rio e recados aos críticos

Nesta declaração no Parlamento, Ventura fez repetidos agradecimentos ao líder do PSD, Rui Rio, pela sua “coragem, mesmo perante toda a crítica interna, de dizer que o que foi feito foi um acordo com um ponto de convergência e que isso não muda a natureza dos dois partidos”.

E o presidente do Chega deixou também claro que, se os sociais-democratas querem voltar a governar, terão de criar uma “plataforma de convergência à direita” com o seu partido.

“Temos dois caminhos: ou há esta diabolização do Chega tolerada pelo PSD em que prefere dar as mãos à extrema-esquerda e ao PS e continuar a diabolizar o Chega ou o PSD percebe que não vai haver futuro Governo em Portugal à direita sem o Chega e começamos a fazer um caminho”, cita o mesmo diário.

“O PSD disse que admitia conversar com o Chega se o Chega se moderasse, o Chega admite conversar com o PSD se o PSD se radicalizar em algumas coisas. Quais? O combate à corrupção, o combate ao desperdício do sistema político como o que temos com 230 deputados, o combate à pedofilia, o combate ao sistema fiscal absurdo em que uns pagam para quem não quer trabalhar e não quer fazer nada. Isso é o que nós pedimos de radicalização do PSD. E se o PSD admitir fazer isso, estamos dispostos também a chegar a pontos de convergência a nível nacional”, afirmou.

Ventura aproveitou ainda para deixar alguns recados aos seus críticos, nomeadamente ao primeiro-ministro, António Costa, que classificou o Chega de “partido extremista, racista e xenófobo”.

“O PS pensava que os entendimentos eram prerrogativa exclusiva sua com o PCP e com o Bloco. E percebeu que não só perdeu o poder nos Açores por causa do Chega, como vai também perder o poder na República por causa do Chega também (…). Daí a irritação, a perturbação e o nervosismo com o Chega“, cita o Público.

O acordo de legislatura do PSD-Açores com o Chega está a originar duras críticas a Rui Rio, da esquerda à direita. E há quem aponte o dedo também a Marcelo Rebelo de Sousa.

ZAP //

3 Comments

  1. A constituição tem de ser revista urgentemente. Há leis que estão super retrogradas, não se inserem nos tempos atuais. Principalmente no q refere a responsabilização dos políticos, que fazem o querem e lhes apetece e saem impunes. Quem paga pelos atos graves dos politicos são os contribuintes!! Não está correto.

  2. Afinal …..não era assim tão “fundamental” a revisão da Constituição que este Sr . “Desventura” defendia com unhas e dentes. Roer a corda para chegar ao poder, revela a verdadeira natureza desta criatura !

  3. “Chega recua na revisão constitucional”

    Quando era miúdo, dizíamos no grupo de amigos uma graçola para definir estas situações, e que ainda hoje nos faz rir quando nos reencontramos:
    ” Malandro não estrilha, muda de esquina”.

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