PSD celebrou acordo com “partido de extrema-direita xenófoba”. André Ventura quer pedido de desculpas de António Costa

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Mário Cruz / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa (D), conversa com o deputado do Chega, André Ventura

André Ventura, líder do Chega, exigiu este sábado um pedido de desculpas a António Costa por este ter dito que o PSD de Rui Rio celebrou um acordo com “um partido de extrema-direita xenófoba” para viabilizar um Governo nos Açores. 

Em causa estão as declarações do secretário-geral do PS, António Costa, relativas ao suposto acordo PSD-Chega que levará o partido de André Ventura a viabilizar nos Açores um governo do PSD liderado por José Manuel Bolieiro.

Depois da reunião da Comissão Nacional do PS que debateu o papel do partido face às próximas eleições presidenciais, António Costa disse que, com este acordo, Rui Rio “ultrapassou uma linha vermelha” da direita democrática europeia, que não permite a essa direita democrática fazer entendimentos com partidos da “extrema direita xenófoba”. Além disso, o líder do PS considerou que Rui Rio deve explicações ao país.

“A normalização da extrema-direita xenófoba é abrir a porta aos inimigos da democracia, porque quem é xenófobo ofende o princípio da igualdade e da dignidade da pessoa humana”, disse o líder socialista.

Este sábado, num jantar-comício da sua candidatura às eleições presidenciais, André Ventura reagiu às declarações do primeiro ministro e disse à Lusa: “O Chega é um partido democrático, foi eleito para o parlamento e para o parlamento dos Açores, todas as sondagens o colocam como terceira ou quarta força política nacional, é um partido legalizado pelo Tribunal Constitucional. É lamentável que um primeiro ministro se refira a ele como xenófobo e de extrema-direita.”

O líder do Chega acrescentou esperar que António Costa, “peça desculpa por estas declarações, durante o fim de semana ainda, porque vai ter oportunidade de o fazer”.

“Caso contrário, nós próprios, no parlamento, vamos levantar esta questão perante o presidente da Assembleia da República, porque ultrapassaram-se aqui linhas de diálogo e de convívio democrático”, avançou.

Na sua opinião, “o PS, quando começa a perder o poder, revela o caráter que tem” e as declarações feitas hoje por António Costa no final da Comissão Nacional do PS foram “mais um exemplo”.

O presidente do Chega considerou ainda que o PS esperava “que a direita nunca se conseguisse entender”, mas já percebeu que não é assim com o que se passou nos Açores.

“Eu percebo a indignação de António Costa, percebo o medo que ele tem dos próximos meses, talvez dos próximos anos, mas este é um caminho que já não tem retorno: a direita vai chegar ao poder pela mão do Chega também em Portugal (continental) e o compadrio socialista vai acabar”, frisou.

Para André Ventura, as declarações do secretário-geral do PS traçam “uma linha vermelha entre aquilo que é o convívio entre partidos”, sendo o pedido de desculpa importante para garantir que não se resvala “para um nível de agressividade sem limite”, que “não seria bom para a democracia”, sobretudo a poucos meses das eleições presidenciais.

O líder do Chega lamentou também a forma como António Costa se referiu à sua candidatura, “pedindo ao PS uma vitória indubitável sobre a candidatura da extrema-direita xenófoba”.

“Tivemos uma sondagem há uma semana ou duas em que eu estava em segundo lugar com 11%. Dizer isto é dizer que 11% dos portugueses são xenófobos e de extrema direita”, considerou.

André Ventura disse ver com “muita curiosidade” que uma pessoa “que não aceitou perder as eleições em 2015, e se juntou a dois partidos que rejeitam a União Europeia e a maior parte dos valores civilizacionais que o PS de Mário Soares defendeu, agora se preocupe com um acordo nos Açores, precisamente para retirar o PS do poder que tem há mais de 20 anos”.

“O Chega e o PSD deram um passo importante para retirar o PS do Governo dos Açores”, afirmou, ironizando que é possível que o desemprego aumente, “sobretudo o desemprego socialista”, porque “os tachos vão acabar, os amigos a fazer negócios com o Governo regional vão acabar”.

“Eu percebo que o PS esteja incomodado com isto, mas tem que se habituar que vêm aí novos tempos”, sublinhou.

Para António Costa, “independentemente daquilo que diga o acordo que é mantido secreto, o simples facto de ter havido um acordo entre um partido de direita democrática e extrema-direita xenófoba é em si próprio da maior gravidade“.

ZAP // Lusa

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3 Comments

  1. Embora o Chega tenha posições polémicas e algo extremistas, tem uma legitimidade idêntica aos outros partidos. Submeteu-se a eleições e tem o peso que o eleitorado lhe conferiu. Tão simples como isso.
    Costa e Cordeiro estão a denotar mau perder.
    O que seria lógico era aceitarem uma possível alternativa democrática e serem especialmente vigilantes sobre as tais políticas extremistas e xenófobas que vierem a ser postas em prática. O que, provavelmente, não vai acontecer.

  2. Não é o Chega ou o PSD que são o problema,o PS do Costa custa a engolir que perderam o tacho nos Açores que durou mais de 20 anos isso sim é o problema deles.

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