Benjamin Netanyahu e o seu rival Benny Gantz estão prestes a fechar um acordo para uma governação alternada, com o atual primeiro-ministro a comandar a primeira volta. Esta medida surge após três eleições inconclusivas no país.
Segundo noticiou a NPR, Gantz, antigo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, entrou na política em 2019 para derrubar Netanyahu. Embora tenha recusado fazer parte de um governo liderado por este, mudou de opinião na quinta-feira, apelando a um governo de união, decisão potenciada pela pandemia de coronavírus.
“Estes não são dias comuns e exigem decisões extraordinárias”, disse no Twitter.
No mesmo dia, com o apoio de Netanyahu, Gantz apresentou a sua candidatura a presidente do parlamento de Israel, o Knesset. Até então, Gantz estava pronto para avançar com uma legislação que impedia Netanyahu de formar governo. Caso avançasse, Netanyahu forçaria mais uma ronda de eleições.
Gantz afirmou que a única razão para se apresentar como candidato à presidência do Knesset passava por aumentar a probabilidade de se formar um governo de união. De acordo com os media israelitas, este não deve permanecer na posição, ocupando, provavelmente, o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros.
O Haarets avançou que setenta e quatro parlamentares a favor de Gantz e 18 contra. Os legisladores que o apoiaram acusam-no agora de trair a esquerda central.
Yair Lapid, co-líder da aliança azul e branca da qual Gantz fazia parte, criticou a decisão, afirmando que “o que está a ser formado não é um governo de união ou de emergência. É outro governo de Netanyahu”. Gantz “rendeu-se sem lutar”, disse, frisando que “a crise do coronavírus não nos dá o direito ou permissão para abandonar os nossos valores”.
Até agora, Gantz, pretendia não o cargo de presidente do parlamento, mas o de chefe do governo. Foi aliás encarregue pelo Presidente israelita, Reuven Rivlin, de constituir um executivo no passado dia 16. Netanyahu, contudo, tem argumentado que deveria permanecer como primeiro-ministro à luz da epidemia de coronavírus.
Esta não é a primeira vez que a crise do coronavírus tem efeitos no futuro político de Netanyahu. Como já noticiado, o seu julgamento por corrupção foi adiado devido a medidas de emergência em resposta à pandemia.
Israel tem mais de 2.660 casos de infeção, incluindo oito mortos, e as autoridades reforçaram as restrições, proibindo os cidadãos de saírem de casa, exceto para comprar alimentos e medicamentos, receber cuidados de saúde ou trabalhar.