Retirar maioria absoluta ao PS nos Açores será “meia vitória”

Mário Cruz / Lusa

O presidente do PSD, Rui Rio, reconheceu esta quinta-feira que uma retirada da maioria absoluta do PS nos Açores, nas eleições deste mês, seria já uma “meia vitória”, embora os sociais-democratas ambicionem vencer o sufrágio.

“É uma meia-vitória, seguramente”, declarou Rui Rio, questionado esta noite no telejornal da RTP/Açores a propósito de um resultado que retire a maioria absoluta do PS nos Açores.

As maiorias absolutas, declarou à jornalista Dulce Bradford, “por si só não têm que ser más”, mas nos Açores, advoga, recorrendo ao que tem “ouvido”, “tornaram-se más”.

O PS governa a região desde 1996, e neste sufrágio o PSD avança com José Manuel Bolieiro como número um por São Miguel e putativo candidato a presidente do executivo regional.

Rui Rio está entre esta quinta-feira e sexta-feira em visita às ilhas do Faial e do Pico, num momento “simbólico”, não se deslocando por exemplo a São Miguel e à Terceira, onde defendeu que o atual Governo dos Açores, presidido por Vasco Cordeiro, “não teve o cuidado de eliminar assimetrias” entre as diversas ilhas.

No que refere ao sufrágio de dia 25, o social-democrata reconheceu que a covid-19 representa uma “contrariedade muito grande”. “Por força deste contexto de pandemia, a campanha eleitoral não pode ter a dinâmica que normalmente uma campanha eleitoral tem. Tudo isto acaba por beneficiar quem está no poder, a realidade é assim”, declarou.

Rio quer fazer “passar os açorianos por tolos”

O líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, acusou esta quinta-feira o presidente do PSD, Rui Rio, de querer fazer “passar os açorianos por tolos”, ao dizer que é necessária alternância política na região, quando os sociais-democratas governam a Madeira há 44 anos.

“Há uma coisa que me dói, que é o presidente do PSD querer fazer passar os açorianos por tolos, quando não o são”, afirmou o líder regional socialista, recordando que na Madeira “há um Governo do PSD há 44 anos”.

Vasco Cordeiro, que efetuava uma visita ao entreposto frigorífico da Horta, integrada na pré-campanha para as eleições legislativas regionais do próximo dia 25, referia-se às declarações de Rui Rio, que poucas horas antes tinha estado no mesmo local, no âmbito de uma deslocação ao arquipélago, e que defendera a necessidade de haver alternância políticas nos Açores.

“O que eu gostaria é que o dr. Rui Rio também explicasse porque razão é que tomou as atitudes que tomou, em relação aos Açores, por exemplo, nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, ou porque razão o PSD na Assembleia da República não apoiou a Lei do Mar, que reforça os poderes da Região Autónoma dos Açores”, questionou o líder socialista.

Eduardo Costa / Lusa

No entender de Vasco Cordeiro, também presidente do Governo Regional desde 2012, mais grave do que as declarações do líder nacional do PSD, ou os seus atos, é o facto de os dirigentes regionais sociais-democratas continuarem ao lado de Rio, em vez de se demarcarem da sua postura.

“Há uma coisa que me dói mais do que isso. É que haja, nos Açores, quem vá atrás, quem ache bem e até quem aplauda atitudes deste género. É caso para dizer: ao ponto que chegou o PSD/Açores”, lamentou Vasco Cordeiro.

As próximas eleições para o parlamento açoriano decorrem em 25 de outubro. Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).

O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.

O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996. Vasco Cordeiro, líder do PS/Açores e presidente do Governo Regional desde as legislativas regionais de 2012, após a saída de Carlos César, que esteve 16 anos no poder, apresenta-se de novo a votos para tentar um terceiro e último mandato como chefe do executivo.

ZAP // Lusa

 

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